A propaganda contemporânea tem a tendência de explorar, a exaustão, o conceito do belo, naturalmente relacionado à branquitude.
Quando se trata de crianças, as brancas são mitificadas, como pequenos anjos de porcelana, doces e frágeis, contrapondo a feiura “vendida” por crianças pretas, gente sob suspeição permanente.
Em 1940, uma peça publicitária de um sabão expôs, em um dialogo protagonizado por uma menina branca, bem vestida, nutrida, com outra preta, descalça e olhos de medo, conceitos de sujeição, extremamente racistas..
A criança branca indagava: “Por que sua mãe não limpa você com sabão de fada (Fairy Soap)?”.
A ideia era mostrar o quão eficiente poderia ser o sabão, apelando justamente para uma situação puramente racista, que considerava /considera(?) o povo preto como portador de uma pele suja.
Aprendi a amar livros logo cedo, na primeira infância. Numa vida circulada pela pobreza, ler era uma porta aberta para viajar em outros mundos, espaços, e muitos, muitos conhecimentos.
Tinha preferência especial pelas leituras das vidas alheias que desnudavam trajetórias, territórios e contavam passo-a-passo a construção de lutas.
Umas das autobiografias que me chamou atenção na pré-adolescência foi a vida de Marie Curie, a peleja, determinação da mulher em projetar-se cientista em um mundo androcêntrico e extremamente seletivo.
Nascida, em Varsóvia, em 7 de novembro de 1867 e falecida em 4 de julho de 1934, a cientista, física e química, polonesa Maria Salomea Sklodowska, depois se naturalizou francesa, Marie Sklodowska Curie, conduziu pesquisas pioneiras sobre radioatividade. além de ser a única pessoa a ser premiada em dois campos científicos diferentes.
Casada, com o também cientista, Pierre Curie teve papel fundamental no legado da família Curie, de cinco prêmios Nobel. Foi também a primeira mulher a se tornar professora na Universidade de Paris e, em 1995, se tornou a primeira mulher a ser sepultada por seus próprios méritos no Panteão de Paris.
Lembro, do meu fascínio de menina, quando, Marie Curie, descobriu o elemento químico Rádio, ainda desconhecido.
A história de Marie Curie, mesmo sendo de uma mulher em territórios de privilégios, apontava para mim, como uma adolescente pobre, preta, e muito curiosa pelas coisas do mundo, possibilidades de caminhos.
Sim, a leitura constante sobre a vida da cientista e de [email protected][email protected] referências,me escancarou portas, estabeleceu diálogos estimulantes, produziu consciência coletiva e um mundo todinho de descobertas e aventuras.
O contato intimo com a leitura me fez ser quem hoje sou.
Foi nas brincadeiras de crianças com Legos, que Alana Wicker descobriu a paixão por ciência e tecnologia e essa paixão arrebatadora se transformou, em uma das grandes meta da vida da menina..
E agora os 12 anos a afro-americana Alena Wicker, que mora no Texas , e estuda espanhol e árabe, se prepara para ingressar na Universidade do Estado do Arizona no mês de maio.
A Astronomia , Química e Ciências Planetárias são especializações que Alena pretende seguir. Ela tem o objetivo construir um rover espacial: “Eu adoraria construir um veículo espacial para ir ao espaço.”
E, mesmo sendo tão nova, a jovem cientista observa e reinterpreta as lacunas racial e de gênero que existem nos campos da ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM).
Eu quero criar essa cultura de garotas negras (…) Eu só quero fazer algo’”-disse a menina à mãe.
E, dessa inquietação surgiu o site Brown Stem Girl para oferecer oportunidades a jovens afro-descendentes que desejam exercer essas profissões.
“Durante toda a minha vida, as pessoas tentaram me segurar por causa da minha idade”, disse ela. “Estamos em um novo ano, em uma nova temporada, e ninguém pode nos segurar mais. Portanto, você pode manter os pés no chão, mas pode continuar a alcançar as estrelas.”
Que você alcance todas as estrelas possíveis e impossíveis, Alena!
"Sei que estamos cansados de histórias tristes mas, entre as tristezas, existem aquelas que são piores, as insuportáveis... Entendo que os que estão menos tristes precisam estender as mãos aos que sofrem mais... por isso estou aqui.
Trabalhei com a Anne em alguns projetos dentro de escolas da rede pública, em São Paulo. Uma coordenadora incrível, dedicada, engajada, admirável! Em março deste ano, recebi uma notícia horrível. A Maria Luiza, filha da Anne, estava morta. A Malu tinha apenas 18 anos, estava fazendo FATEC e sonhava em trabalhar na ONU. Esta menina linda da foto!
Foi internada dia 4 de março no IAMPSE (Hospital do servidor público estadual, em São Paulo.) com um quadro de depressão grave. No dia 5 de março foi encontrada desacordada no banheiro, tentaram reanimá-la, mas sem sucesso. Havia se suicidado.
Quando foi internada, Malu se encontrava em um estado tão delicado, que não poderia JAMAIS ter ficado sozinha no quarto. Sua mãe, no término do horário de visitas (a última vez que viu a filha com vida) pediu às enfermeiras que cuidassem bem da sua filha. Foi o que elas prometeram: "Fique tranquila, vamos cuidar." Os médicos disseram que tudo aconteceu na troca de plantão às 19h, mas funcionários do hospital dizem que a encontraram as 18h20 no banheiro. Muitas informações desencontradas apontam para um caso de negligência médica.
Desde então, Anne vem lutando por justiça. Ela quer respostas. Precisa de respostas. Está vivenciando a dor de um luto agravado pela dor da injustiça. Muitos movimentos já estão acontecendo. Não faço ideia da dor que essa mãe carrega, mas o que posso fazer hoje, além de orar a Deus para o alívio deste sofrimento, é ajudá-la nesta luta.
Alexya Salvador tem 37 anos, uma mulher trans preta é pastora e coordenadora pedagógica, em uma escola de São Paulo.
Fez a transição de gênero aos 28 anos.É casada com Roberto faz 12 anos e seu maior sonho era a adoção de três crianças.
O primeiro que chegou à família foi Gabriel, um menino com necessidades especiais.
Mas, como o sonho de Alexya era triplo, depois de Gabriel chegaram mais duas meninas. A Ana, de 15, e a Dayse, de 9 anos. Duas meninas trans, o que fez a felicidade do casal..
A adoção tripla [email protected] pela justiça, coloca Alexya Salvador na história , como a primeira mulher trans a concluir o processo de adoção no Brasil.
E ,é, ela quem fala: “Não imaginava que eu seria mãe, muito menos que eu seria a mulher que eu sou hoje.
Não é fácil educar, e meus três filhos têm históricos de abandono e violência. Eles lembram de tudo isso."
Quitéria vive em situação de rua, nas bandas da orla de Maceió, a cidade turística. É uma mulher preta idosa e dependente química.
Cada vez que a encontro, pelos caminhos da vida, percebo que o corpo da preta está cada vez mais debilitado, pelo efeito do álcool e abandonos diários.
Quitéria é natural de Murici, município alagoano e não faz planos de retornar a terra natal, mas, alimenta sonhos de ter um lugar de pouso, só seu, aqui na capital.
É uma mulher articulada, que conta histórias e interpreta alguns fatos do entorno e do cotidiano;
-Eu não mato, nem roubo, senhora- diz. E complementa:- meu crime é gostar disso aqui ( e aponta o recipiente de plástico cheio de aguardente). Esse é meu café da manhã.- acrescenta.
Hoje lembrei que Quitéria já está no grupo de pessoas a ser vacinado, mas, quem vai garantir a vacinação da preta?
Qual a estratégia que a Prefeitura de Maceió e outros municípios vão estabelecer para imunização de pessoas,principalmente [email protected], em situação de rua? Ou, onde está Quitéria?
O isolamento/distanciamento social, a reclusão obrigatória, as inseguranças da vida, seja o medo da morte ou o medo da fome, levaram uma grande parte da população brasileira a alimentar ou retroalimentar sentimentos de impotência, insegurança generalizada, desencadeando danos à saude mental.
Observando essa questão o Senado Federal aprovou, na quarta-feira, 07 de abril, um PL que dá providências junto ao SUS para que a saúde mental seja inclusa como prioritária no conjunto do trato da saúde integral.
“Este programa é muito importante neste momento. Houve o crescimento com relação à questão da saúde mental, da violência doméstica. Hoje, 40% da população que está em casa está com depressão, com medo, preocupada”, afirmou um senador.
E a SESAU, em Alagoas faz o quê?
Desmonta o “Alô Saúde Mental “
Implantado em 1º de junho de 2020 para prestar assistência psicológica à população para o combate aos transtornos mentais durante a pandemia da Covid-19, Alô Saúde Mental foi abruptamente encerrado. Sem nenhum aviso prévio. Desimportância?
O racismo nos encontra ainda crianças, é praticado por adultos que convidam as demais crianças ao mesmo comportamento.
Esse foi o fatídico dia da foto na terceira série do primário. Eu estudava da FIEB, em Alphaville/Barueri, era uma das poucas crianças pretas da escola.
Comumente mal tratada, principalmente pelas professoras que me constrangiam e estimulavam e ensinavam as outras crianças à prática do cruel racismo. Não ande com ela, não abrace ela, não dê bola. Sente-se ali, deixa ela para lá.
Especificamente neste dia a professora enfileirou todas as crianças para a famigerada foto.
Empunhando uma escova, vinha afagando e penteando todos aqueles cabelos lisos e levemente encaracolados. Ao escovar os cabelos tipo tijela dos garotos dava beijinhos em suas cabeças. Quando ajeitava as longas madeixas das meninas, disparava elogios sucessivos.
Eis que chega a vez dessa que vos fala, apelidada de peste pela profissional da pedagogia que conduzia os trabalhos, obviamente com cara de nojo e desdém bateu com a escova em um de meus ombros e informou que: Não era paga para colocar a mão nesses cabelos, que não colocaria a mão ali. Que tem criança que não adianta arrumar.
Lembro de ter sentido ódio, inaugurei esse sentimento naquela escola por aquelas professoras e crianças.
Minha boca de criança ficou amarga e eu sentia a barriga doer como quem toma um gancho na boca do estômago.
Odiei e ainda odeio.
O fotógrafo me disse que só faria a foto se eu lhe desse um sorriso. Essa expressão de dor e dentes para fora foi o que eu consegui chamar de sorriso naquele dia.
Pois bem, ao chegar em casa tratei de colocar o pente quente ao lado do fogão e pedi pra minha mãe dar um jeito no meu cabelo porque não tinha condições de ir pra aquela escola com o cabelo trançado.
Eu tinha oito anos, oito anos.
Pessoas pretas sofrem toda sorte de violência: Simbólica, Estrutural, Moral , Física e por ultimo a violência letal.
A violência letal mata os nossos corpos, as demais aniquilam as nossas almas diariamente.
Escrevo esse texto diretamente de um lugar onde olharam para minhas tranças, perguntaram se eu sou mesmo Advogada."
A segunda-feira,05 de abril, marca mais uma etapa da vacinação em Alagoas, agora com a inclusão da categoria dos integrantes das Forças de Segurança, com idade a partir de 45 anos
Aos 53 anos, o 2º sargento da Polícia Militar de Alagoas, lotado no 1º Batalhão, Cícero de Lima Ocrécio foi o primeiro a ser vacinado.
Segundo, o sargento: “a Covid-19 me amedronta, pois só em um mês perdi dois familiares com essa doença. Como agentes da segurança pública somos a primeira linha de frente, os que fazem o primeiro atendimento , os que ficam expostos. Então eu dei graças a Deus quando chegou a vacina”, disse o sargento.
Em 2020, o profissional quando em serviço, sofreu racismo ao prender um suspeito de furto, em um supermercado no bairro da Ponta Verde, O agente levou um tapa no rosto e foi chamado de ‘negro safado’.
O Comandante da Polícia Militar, coronel Wellington Bittencourt,assevera que “a vacinação chega em boa hora, pois, profissionais da segurança pública tem o significativo papel de enfrentamentos diários na prevenção às criminalidades, portanto precisam da imunização contra esse vírus que já ceifou tantas vidas”.
Nessa etapa de imunização serão contemplados policiais civis e militares, bombeiros militares, peritos oficiais, policiais federais, policiais rodoviários federais, policiais penais e guardas municipais.
A imagem da enfermeira Kátia, inteiramente coberta com roupa protetora contra o novo coronavírus, deitada em uma maca do hospital , em Ancona ,cuidando de um bebê de 7 meses, emocionou a Itália na última semana e circulou por todo o mundo.
A foto foi registrada em 22 de março e se tornou um símbolo da luta contra a covid-19. A criança, que não teve o nome divulgado, foi internado na hospital Salesi para ser submetido a uma cirurgia delicada por conta de uma infecção, mas também tinha sido contaminada pelo coronavírus.
E a mãe do bebê, comenta: “Tanto eu como meu filho testamos positivo para a Covid-19, eu não podia vê-lo nem ficar com ele, então me mandaram essa imagem de humanidade e profissionalismo”.
“Um gesto de amor, foi apenas um gesto de amor. Ele queria tanto brincar”, disse a enfermeira, Katia.
Vivemos em mundos dispares. Ela navega em lugares privilegiados sociais, e eu sou aquela ativista que [email protected][email protected] correm a mil léguas,tipo lá-vem-ela-com-essa-coisa-de-racismo. Nossa realidade deu encontrão quando despimos as diferenças, puxamos um banquinho para discutir sonhos e os muitos projetos que te levo, em uma sacola de possibilidades..
No começo as ideias não se encontravam, tropeçávamos, por contas de realidades diferentes. Você alheia e eu ansiosa para que surgisse a compreensão de que o racismo é mais do que um embaraço e sim um câncer necrosado.
E um dia, que não foi assim tão de repente, sem o plim plim , do passe de mágica, depois de um mundo de conversas e de outras tantas argumentações, sua escuta se fez atenta , o campo da visão institucional ampliou, encurtando distâncias e focamos os esforços em potencializar o investimento preto histórico.
E , sempre tendo ao lado da superintendente de Diversidade e Identidade Cultural da Secult, a querida Perolina Lyra, iniciamos uma fértil construção de caminhos agregadores as políticas públicas..
Foi você, a gestora da cultura estadual, em Alagoas, que sem pestanejar, assumiu a proposta do espaço Ubuntu, o primeiro do gênero em Alagoas.
Eu sou porque nós somos’. Este é o significado do termo africano Ubuntu, que dá nome ao espaço \preto literário da Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos, inaugurado em (16/08/2016), dentre outras propostas..
E foi novamente você que ,ousadamente, corroborou para o nascimento do Livro Odo. O Livro Preto de Poesia..
Odo é uma palavra africana, iorubá que significa jovem. E, reune poesias/poemas de [email protected] jovens das periferias que reinventam e enfrentam , a partir da palavra escrita, as vulnerabilidades social, territorial e étnica.
Para mim,ODO é o projeto, substantivamente, mais importante dessa caminhada, e em nossa última reunião o lançamento do livro foi o tema principal,
Obrigada pela parceria e apoio, Mellina Freitas .E, sei bem , que quando em vez, você recebe aquelas missivas tipo fogo-preto-amigo:- cuidado, com a Arísia Barros. ( pausa para o riso, que liberta).
Meu bem, essa revoada de palavras é para dizer que te tenho afetos sinceros. Tanto pela pessoa que se reinventa, como pela gestora pública que se permite enxergar a imensidão do mundo, além do universo que vive.
Parabéns, Mellina Freitas que o novo ano agregue inúmeras gentes, [email protected] e humanidades muitas.
A SEMUDH, Excelência é uma secretaria múltipla e faz tempo que não cumpre seu papel social, e na questão das politicas antirracistas tem se constituído um ocaso profundo.
Acredito que essa dinâmica política de agregar forças, em torno do poder executivo, não é um exercício fácil, (compreendo) mas, a SEMUDH, Excelência é um ganho dos movimentos sociais e não pode ser parte integrante das barganhas políticas.
Ela é nossa, dos movimentos sociais, entende?
Nós [email protected], somos mais de 69% dos mortos nessa guerra insana e virulenta , e onde estão as articulações para que as políticas especificas e diferenciadas para preservação de vidas, sejam implementadas?
Não dá para fazer de conta que todo mundo é igual. Não somos. [email protected],mulheres e pobres são alvos preferenciais das iniquidades diárias.
Alvos, extremamente, vulneráveis.
Quilombolas, então, sofrem um apagamento voraz.
A SEMUDH, Excelência não é um apêndice politico e sim um espaço de poder, conquistado pela sociedade civil organizada.
Nós, eu e Vossa Excelência tivemos essa conversa robusta lá na frente. Lembra? E ouvi um: -sou o chefe do executivo e meu papel é acompanhar e intervir, caso haja problemas..
O texto se espelha nas convicções substantivas que se fizeram presentes na fala do governador com essa ativista,e eu creio, portanto que essa é a hora.
Em 2012, como coordenadora do então, Projeto Raízes de Áfricas apresentamos para Alexandre Toledo, secretário de estado da educação, na época, a proposta da Cartilha Omirá
A Cartilha de Saúde Omirá, que que significa liberdade, surgiu como material educativo, objetivando a produção de conhecimentos, a democratização da informação sobre a saúde da população negra, como também, buscava estabelecer um diálogo com a atenção básica da saúde pública, instigando para os determinantes genéticos relacionados às doenças de maior prevalência no gestacional e infância da população negra.
E, como promotor maior da saúde no estado de Alagoas, Alexandre Toledo, ouviu, fez considerações e bateu o martelo: vamos lançar esse material, que é de suma importância.
E assim foi feito, sem promessas políticas, ou desculpas evasivas, o secretário legitimou as demandas do Projeto Raízes de Áfricascomo uma das articulações do movimento social negro e reescreveu, a partir de sua gestão caminhos efetivos de possibilidades, para a reeducação dos afirmativas na saúde.
"A cartilha é um projeto ousado de proposta de saúde pública, que vai atender aos profissionais da Atenção Básica, bem como os usuários que utilizam essa principal porta de acesso aos serviços de saúde”, afirmou, na época, a coordenadora do Programa DST/Aids da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), Fátima Rodrigues.
A SESAU patrocinou a impressão de dois mil exemplares da cartilha, em Maceió foi lançado, em sessão pública na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas , em 31 de agosto de 2012, e também teve lançamentos ,em Salvador e Belo Horizonte.
Obrigada, Alexandre Toledo e que sua trilha se faça luz.
As pessoas vivem dizendo que o Jay Z é feio, pois não estão acostumadas a associar traços negróides à beleza. Tanto ele quanto a filha, Blue Ivy, têm traços bem acentuados e característicos da população negra, como nariz e boca largos, cabelo bem crespo e afins. Como seria possível ter esses traços associados à beleza em um mundo tão racista?
Jay Z é um rapper, compositor, produtor e empresário norte-americano e um dos artistas de hip-hop mais bem sucedidos empresarialmente e financeiramente nos Estados Unidos.
Blue Ivy tem 9 anos,e é a artista mais jovem a ganhar ,o Grammy, premiação mais importante da música. É filha de Beyoncé e Jay-Z , e em várias ocasiões já foi vitima de racismo nas redes sociais.
Quando questionadas, as pessoas argumentam que "não é obrigado a achar ninguém bonito só pela cor da pele" e que "é questão de gosto", coisas que sempre tivemos acostumados a ouvir. Mas vejam bem, o branco sempre foi associado a beleza apenas pela cor de pele e sabemos que a questão de gosto só sabe colocar o branco no lugar de belo e o negro no lugar do feio.
É necessário que possamos olhar nossos irmãos com olhos humanizados e enxergar as belezas que estão fora do que a sociedade construiu como belo.
O Jay Z é lindo, e nós somos lindos. Precisamos refletir sobre auto-ódio e o quanto isso impacta no nosso olhar diante dos nossos semelhantes. Quem disse que o povo preto é feio não consegue lidar com o poder da nossa singularidade!
Essa história que conto, infelizmente não tem um final feliz como as dos contos que lemos para os nossos alunos. Ao contrário, me fez sentir infeliz, impotente e com muita raiva. Julia era minha aluna e tinha, na época, sete anos. Era uma menina magrelinha e bem tímida, dessas que nos chama atenção tamanha a fragilidade expressa. Numa das manhãs em sala de aula, notei que ela esfregava com frequência suas partes íntimas na ponta da cadeira em que estava sentada. A chamei para conversar, perguntei se tinha alguma coisa incomodando e ela me disse que sua "pepeca" (nas palavras dela) estava doendo. Eu perguntei se ela sabia o motivo de estar doendo, se havia se machucado. Foi quando sua resposta fez o coração doer. Me disse que o seu tio (namorado de sua mãe), tinha colocado o dedo nela e que estava doendo. Levei o caso para a direção da escola que prosseguiu com o trabalho de investigação familiar. Durante esse processo, foi descoberto que a mãe morava com a aluna em um cômodo pequeno e que se prostituía na frente da criança. E, quando estava com esse namorado em casa, assistia vídeos pornográficos na presença da aluna e a obrigada assistir também, além de permitir que o namorado tocasse na criança. O conselho tutelar foi acionado e a mãe foi chamada para conversar. A criança foi entregue aos cuidados da avó materna e sumiu, durante mais ou menos um mês. Quando voltou, percebi que haviam vários machucados pequenos em suas pernas, braços e barriga. Perguntei o que era e ela me disse que tinha sido sua mãe que havia furado o seu corpo com prego e queimado com o cigarro. Além disso, a mãe mandou um bilhete dirigido a mim dizendo: “Não se meta com as coisas que acontecem aqui em casa, quem manda aqui sou eu, e se fizer qualquer coisa a Júlia vai ficar pior". Me desabei de chorar, pois a mãe, que era quem deveria proteger, era justamente quem a machucava. Ela voltou aos cuidados de Conselho Tutelar e depois, não sei mais o que aconteceu, pois saí da escola mencionada. Mas a gente sabe que a criança vai e volta do abrigo, isso é rotina, e que a escola, por vezes, é o seu único refúgio e muito pouco pode fazer.
A série Todo Mundo Odeia Cris é baseada na infância do ator comediante Chris Rock.
Tem um episódio da série , acredito que se chamava “ o Drew sumiu”, em que o protagonista e o irmão, Drew não vão à escola e são dados como desaparecidos. .
Rochelle, a mãe dos meninos decide chamar a polícia , mas, ciente do tratamento diferenciado entre pretos e brancos, ao telefone descreve seus filhos como dois garotos brancos.
Em poucos minutos, dois carros de polícia param a porta e saem à caça dos garotos.
Se pretos fossem isso não ocorreria.
A série se passa em Nova Iorque, durante a década de 1980, mas, o olhar eugenista é igualzinho , ao que está sendo lançado sob o desaparecimento dos três garotos de Belford Roxo, no Brasil de 2021..
Em 27 de março faz três meses que Fernando Henrique, de 11 anos, Alexandre, de 10, e Lucas Matheus, de 8, os três meninos pretos, pobres periféricos de Belford Roxo saíram para brincar e desapareceram.
E, também se tornaram invisíveis para o Brasil todinho.
Silêncio das gentes.
Silenciamento das autoridades, dos partidos políticos.
Naturalização social.
Onde estão Fernando, Alexandre, Lucas?
Escafederam? Evaporaram? Sumiram no vento?
São três garotos de uma periferia abandonada pelo estado. Pretos.
E se Fernando, Alexandre, Lucas fossem brancos, continuariam invisíveis?
Onde estão as três crianças, de Belford Roxo?
Se você souber de algo entre em contato:
SOS Crianças desaparecidas Whatsapp: (21) 98596-5296 Polícia Militar: 190
O texto é forte e preciso e copiei-o, de uma página do facebook, atribui um título,mas, me perdi no registro do nome do autor. Quem conhecer o autor, me avisa, para que eu possa colocar os créditos.
Vai lendo...
“Um dos maiores horrores do Nazismo durante a 2° Guerra Mundial, foi o uso de prisioneiros Judeus presos em Campos de Concentração para experimentos científicos, foram diversos ,milhares desses experimentos que se não terminavam com a morte do prisioneiro, acabava por mutila-los ou causar-lhes sequelas permanentes ,um horror onde o "Medico" mais conhecido do Nazismo Joseph Menghele era o "Açougueiro " responsável pela mutilação de milhares de Judeus, afinal os Nazistas tinham a obsessão de provar cientificamente a superioridade ariana, e da raça pura, porém não foram só os Nazistas que promoviam essa desumanidade, nos EUA no final do século 19 início do 20 ,empresas de cosméticos e medicamentos usavam pessoas negras para seus experimentos ,há diversos relatos e até hoje existem processos pois as sequelas causadas foram irreversíveis e até hereditárias.
Agora em pleno século 21 nos deparamos com declarações e falas próprias do Nazismo, o tal "Nazismo Moreno" que insiste em se disseminar aqui pelos trópicos , Xuxa numa Live ontem ao propor defender que animais não deviam ser usados em pesquisas científicas, ela propõe que os presos no sistema carcerário deveriam ser usados como cobaias, e no final ainda ela critica os Direitos Humanos, claro ,quem tem ideias desumanas detestam mesmo qualquer Direito Humano. Xuxa é o retrato dessa nova elite brasileira, inculta ,ignorante e desumana ,esse pensamento nazista se encontra no bolsonarismo facilmente ,Xuxa virou de ontem pra hoje uma" Musa da Extrema Direita " a "Rainha dos Bolsominions" é nesse grupo que cabe esse tipo de pensamento, e não digam que ela foi infeliz ,não, ela pensa assim , pra ela os presos devem servir para experimentos científicos pois são piores do que o macaquinho ou o cachorrinho, testar vacina em ratos ? Não, tem o preso, que é preto favelado. Xuxa faz parte de uma elite que 24 horas por dia demonstram ódio, expressam esse ódio sorrindo e normalizando absurdos e preconceitos. Para essa elite na verdade o sistema carcerário deveria ser uma Senzala ,uma enorme Senzala ,um depósito de gente que deveriam ser usadas ,é esse pensamento escravocrata que ainda é muito presente no pensamento do brasileiro branco médio e das elites ,as novas elites ,aliás, não é por que você defende animais e o bem estar dos pets, que você automaticamente seja uma pessoa santificada, boa ,tai a Xuxa para provar que não, por fim .Os presos estão no sistema carcerário para a reeducação, regeneração, e não para serem escravizados ou servir como cobaias da indústria de remédios ou cosméticos. Não existe sociedade boa onde seus presos são mal tratados e submetidos a desumanidade ,não existe, e é muito triste que uma pessoa que teve muita oportunidade de aprender e se educar chegue a essa altura da vida promovendo pensamentos racistas violentos e desumanos. Não precisei rodar pra trás o disco da Xuxa para ouvir a voz do demônio, eu vi o demônio numa Live em 2021,com voz mansa e olhos azuis.”
O Comandante da Polícia Militar, Coronel Wellington Bittencourt , promove na terça-feira, 29/03, reunião com representações da sociedade civil, em Alagoas, tendo como objetivo abrir espaços significativos de diálogo entre a corporação e movimentos sociais.
Nossa proposta é fazer, como forma de mobilização, o reconhecimento do papel e atuação estratégica desses atores sociais, como também instituições, e a partir da escuta construir e articular , em conjunto, novas práticas de gestão, uma agenda normativa- afirma Bittencourt.
Por conta da pandemia e as regras do protocolo sanitário, a reunião terá um número reduzido de participantes, mas, o intuito é ampliar a escuta com o maior número possível de representações da sociedade civil , como produtores de vivências e conhecimentos
Você , como ativista social tem alguma demanda, que gostaria que virasse pauta de debate na reunião?
Então manda para a ASCOM da PM ( [email protected]) sua voz é muito importante para substanciar essa ação politica, que se faz afirmativa.
O blog prestigia a iniciativa que se faz necessária e fundamental.
Conheci Nalui Mahin, no Rio, uma jovem carioca preta, revolucionária, intelectualizada, militante , feminista e atua no Coletivo de Estudantes [email protected] da UFF e da Frente Esperança Garcia.
Hoje, 25 de março Nalui perdeu a avó, a ancestral de muitas histórias, e, é para Philomena Gonçalves Alves, que a neta expõe o amor e gratidão.
Siga em paz, Philomena e saiba que sua neta é um preta, substantivamente, espetacular. E por ela tenho o maior respeito
“Agradeço a minha avó paterna, Philomena Gonçalves Alves, minha anciã hightech, que no alto de seus 100 anos mantém sua voz ativa, postura imponente, vaidade, brincos longos pendentes, leitura crítica sobre textos e sobre a vida. Agradeço por seus elevadíssimos padrões de excelência em tudo que faz, por sua visão de mundo aberta e moderna, pelo amor, afeto, por suas histórias que sempre me ensinam mais sobre mim e sobre a história das pessoas negras no nesse país. Minha avó uma vez me contou sobre o seu desejo de ser professora, disse que no seu tempo de juventude não teve alguém que lutasse para que ela alcançasse esse objetivo. Eu sou grata por ela ter lutado para que seus filhos tivessem uma vida melhor e consequentemente, eu também. Obrigada por lutar e trabalhar incansavelmente para que nossa família tivesse uma vida melhor, Vó! Obrigada por lutar pela realização dos nossos sonhos.”
Ela não gosta que eu conte, mas, eu vou contar (sorrisos segredáveis).T
Teve uma época, que a gente passou um ano de mal, relações cortadas, mesmo. Não foi bem “um de mal de fogo a sangue.” Bem mais, um momento ímpar para que pudéssemos avaliar a importância que uma tem na vida da outra. E a gente sentiu que essa importância é incomensurável.
Plurissignificativa!
Somos amigas, para sempre ,e ela, é alguém que aprendi a amar, respeitar, diante de todas nossas diferenças.
Em muitos momentos nos tornamos garimpeiras na tarefa desafiadora de dialogar, em universos dispares, reinterpretando o afeto, que nos afeta.
Partilhamos ideias, palavras, pensares ,às vezes não convergentes, mas, mesmo assim, uma nunca soltou a mão da outra. Em muitos momentos , quando a corda ameaçava arrebentar, bem no meio do despenhadeiro, ela , com sua verve de produtora reinventava o pouso, na queda.
É minha amiga de coração e de alma todinha. Somos almas gêmeas- disse-me um dia, lá no Rio de Janeiro ao me embarcar no amarelinho.
Faz tempo que não vejo o Rio e faz mais tempo,ainda, que não a vejo, mas, Patrícia Mourão é aquela pessoa presente e preciosa, que mesmo no silêncio, entrelaça de brilho a saudade que a gente sente.
Hoje, 24 de março é o aniversário dela e numa espécie de arenga carinhosa escrevo palavras substantivas, parrudas de bem querer:
Amo você, minha amiga “patricinha” mais dileta e para sempre quero desejar-te um ninho de abraços, em braços que acolhem e humanizam a caminhada.
Mulher, preta , cidadã alagoana, competente repórter, Charlene Araújo é filha de Cícero Lopes de Araújo, o Castanha, que atuou como massagista do CSA durante a década de 70 e faz pouco se iniciou no candomblé, religião de matriz africana.
Está na feitura do santo. É uma Iaô. Uma mulher candomblecista.
Por ser iaô, Charlene está no aprendizado das rezas, costumes, práticas segredos e a iniciação, propriamente dita , e nesse processo de recolhimento espiritual, a iaô precisa seguir algumas regras, como a utilização dos símbolos de proteção ( turbante , quelê).
E foi assim, de turbante e quelê, que a repórter esportiva entrou em campo para a transmissão de CRB X Botafogo -PB , e deu o que falar, em pleno 21 de março, Dia Internacional Contra a Discriminação Racial,
Um 21 de março de 2021, 61 anos após o protesto de [email protected], em Africa do Sul , pelo direito de existir, a repórter, Charlene Araújo ressignifica, em um campo androcêntrico e carregado de preconceitos, a herança da ancestralidade de [email protected], que tem relação intima com a simbólica luta do território de Palmares.
Charlene reinventou um 21 de março, especialíssimo, além da bola rolando, em campo, havia o toque dos tambores ancestrais rasgando, em campo, o silêncio da invisibilidade e religiosidade preta.
Orgulho arretado de você, querida Charlene Araújo.