As maiores vítimas do crime de estupro de vulnerável no país são meninas negras de até 13 anos.
E em Alagoas não é diferente.
O bairro do Benedito Bentes fica localizado, na parte alta de Maceió e segundo, especialista, a delegada Bárbara Arraes, coordenadora geral da Área da Infância e Juventude da Polícia Civil titular da Delegacia Especializada do Adolescente em Conflito com a Lei,em sua conversa com o público do I Encontro de Saberes e Resistência Periférica é nessa periferia que se concentra o maior índice de violência contra crianças e adolescentes, e essas vítimas têm perfil específico:
80% são meninas negras.
O I Encontro de Saberes e Resistência Periférica , aconteceu no sábado, 31 de maio, organizado pelo Coletivo de Mulheres Negras Periféricas contou com o apoio do Instituto Raízes de Áfricas e Prefeitura de Maceió, através da Semdes e Secom,
Segundo pesquisas, a violência contra meninas negras não ocorre em um vácuo; ela é frequentemente perpetrada por pessoas próximas às vítimas. Em 61,7% dos casos, o estupro foi registrado na residência da vítima. Entre as vítimas de até 13 anos, 64% dos agressores são familiares e 22,4% são conhecidos.
Na verdade, as periferias são quilombos disfarçados e também alimentadas pela precarização das ausências flagrantes de políticas públicas: saúde, educação, trabalho e mobilidade urbana.
As periferias são negras, entretanto, todavia, porém, contudo , apesar das muitas ações governamentais realizadas nesses locais existe a naturalizada reprodução de dinâmicas excludentes, evidenciando a resistência interna dos poderes de atacar de frente, o problema do racismo estrutural e suas consequências.
Por que dentro do discurso da inclusão dos projetos, programas governamentais, a pauta do racismo estrutural é sumariamente invisibilizada nos diálogos periféricos?
Como se discute estupro de vulnerável, em crianças e adolescentes, sem o extra necessário recorte de raça?
Sem levantar reflexões importantes sobre o processo do escravismo na construção do apartheid contemporâneo?
E, diante das estatísticas crescentes de crimes, a delegada Bárbara Arraes evidenciou seus esforços, junto ao Governo do Estado, para a construção da 2ª Delegacia de Crimes Contra Crianças e Adolescentes, para salvaguardar vidas,
Entretanto, vale afirmar que urge , em paralelo ao projeto de criação de um órgão de Segurança Pública é preciso criar espaços de agregadores de valorização da memória coletiva que afirme histórias, identidades, autoestima e pertencimento.
Políticas antirracistas.
Entende?


