A terça-feira (16) foi marcada por forte comoção em Alagoas com a realização da primeira audiência de instrução do caso Ana Beatriz, a recém-nascida morta pela própria mãe, em abril deste ano, no município de Novo Lino. O Ministério Público de Alagoas se manifestou pela manutenção da prisão da acusada, pedido que foi acatado pelo juiz responsável pelo caso.

Durante a audiência, a defesa solicitou que a mulher seja submetida a um exame de sanidade mental. O pedido foi aceito pelo magistrado e, após a conclusão da avaliação, o Ministério Público apresentará as alegações finais do processo.

Segundo a promotora de Justiça Francisca Paula, mesmo com a instauração do incidente de sanidade mental, a acusada permanecerá presa. “A defesa pediu a liberdade, mas o Ministério Público opinou pela manutenção da prisão, o que foi deferido. Após o exame, faremos as alegações finais, com pedido de condenação”, afirmou.

Nas alegações finais, o Ministério Público deve sustentar a condenação da ré pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e comunicação falsa de crime. O exame de sanidade mental, previsto no Código de Processo Penal, tem como objetivo avaliar se a acusada tinha condições de compreender o caráter do crime no momento em que ele foi cometido. O resultado poderá influenciar tanto na manutenção da prisão quanto na eventual aplicação de medidas de segurança, como internação para tratamento.

Relembre o caso

O crime chocou o país pela brutalidade e pelas tentativas de encobrimento. Em abril de 2025, a mãe de Ana Beatriz procurou a polícia afirmando que a filha, com apenas 15 dias de vida, havia sido sequestrada por homens armados. A denúncia deu início a uma grande operação, envolvendo forças de segurança de Alagoas e de outros estados.

Durante as investigações, um homem chegou a ser preso injustamente em Pernambuco, após o veículo dele ser confundido com o descrito pela acusada. O pai da criança, que morava em São Paulo, abandonou o trabalho para acompanhar o caso e, inicialmente, acreditou na versão apresentada pela companheira.

Com o passar dos dias e diante das várias contradições nos relatos, a polícia passou a desconfiar da mãe, que acabou confessando ter asfixiado a bebê com um travesseiro. O corpo da recém-nascida foi encontrado dentro de um saco plástico, escondido em um pote de sabão em pó, guardado em um armário no quintal da residência.