Fim de ano dos mais animados na política brasileira. Até parece que as lideranças combinaram um pacote de crises para fechar 2026 em grande estilo. Há os temas que já estão na praça de muito tempo, com novos capítulos a cada temporada. Seja como for, nos últimos dias as novidades sacudiram o Planalto, o Congresso e o Judiciário. Num resumo previsível, relação perigosamente estremecida entre os três poderes.
Entre tantas confusões, o fato de maior repercussão foi a liminar do ministro Gilmar Mendes sobre as regras para eventuais processos de impeachment para juízes do STF. Aqui não tem essa de ficar em cima do muro e apelar à exclusividade de especialistas do juridiquês. Minha opinião: voto com o decano, pelas alterações propostas.
Claro. Neste momento são mais de 90 pedidos de impeachment recebidos pelo Senado. Se isso não é chantagem e perseguição a ministros, seria o quê? Seria uma chanchada dirigida por figuras como os senadores Eduardo Girão, Rogério Marinho, Damares Alves e Sérgio Moro. Não. O que eles querem é dominar a Justiça e avacalhar prerrogativas.
Ainda quando estava nas ruas em campanha contra a democracia, Jair Bolsonaro foi direto ao ponto: “Se vocês me derem o Senado e a Câmara, a gente muda tudo”. A turma nem disfarça. A meta nas eleições de 2026 é ganhar a grande maioria das cadeiras do Senado. Com isso, está garantido, pra começar, o afastamento de Alexandre de Moraes.
São os próprios senadores da República que confessam. E qual o motivo para impeachment de Moraes? A condenação do ex-presidente golpista. Então ficamos assim: se não gosto da decisão deste ou daquele membro do Supremo, determino que lhe cortem a cabeça. Não dá. É muita esculhambação. É o objetivo da gentalha reacionária.
As alegações técnicas de Gilmar Mendes estão à disposição de quem se interessar. Mas é claro que os engajados na fúria contra o STF não estão preocupados com legalidade. Deputados e senadores se manifestaram naquele conhecido tom de histeria palanqueira. Em velocidade fulminante, desencavam projetos para se vingar do tribunal.
O enrolado presidente do Senado, Davi Alcolumbre, entre outros, fala em sabatina a cada cinco anos e aumento do número de ministros, passando de 11 para 15. Foi o que fizeram ditadores mundo afora para sequestrar o Judiciário e governar sem freios. Vamos ver até onde os arruaceiros deste Congresso arruinado podem chegar.










