Eduardo Bolsonaro vive nos Estados Unidos desde março do ano em vigor. São nove meses, desde que o sujeito escapuliu para território norte-americano com o objetivo declarado de conspirar contra os interesses do Brasil. Alexandre Ramagem fugiu em setembro, logo após ser condenado a 16 anos de prisão pela trama golpista chefiada por Jair Bolsonaro. Dois deputados federais do PL, facção que tenta sabotar instituições brasileiras todo santo dia. Dois delinquentes da política filiados à extrema direita.
Eduardo já deveria ter perdido o mandato faz tempo. Mas a Câmara Federal se esquiva vergonhosamente de cumprir seu papel. Com isso, o gabinete do filhote do Jair gastou até agora mais de 1 milhão de reais para manter seus assessores que parasitam no Congresso Nacional. É dinheiro público jogado fora para dar boa vida a desocupados.
Não bastasse o descalabro, a coisa ficaria ainda pior, não fosse decisão que acaba de ser tomada pelo ministro do STF Flávio Dino. É que no Orçamento da União para 2026, Eduardo e Ramagem levariam juntos mais de 80 milhões de reais em emendas parlamentares. Um escárnio com a população e com a lei. Dino impediu o crime.
Na decisão, o ministro afirma que não existe previsão legal que autorize deputados a exercer mandatos em Miami, Washington, Paris ou Roma. O Supremo determinou a cassação de Ramagem, dado que ele foi condenado. Situação semelhante à da senhora Carla Zambelli. Nos dois casos, o parlamento recorre à chicana para salvar a dupla.
Ao longo deste ano, o Congresso se empenhou como nunca na proteção de quadrilheiros. Na Comissão de Ética, na CCJ e em comissões especiais, deputados fizeram miséria na blindagem de comparsas. Ramagem, por exemplo, teve uma defesa apaixonada do alagoano Alfredo Gaspar. Como já escrevi, uma ode à impunidade.
O caso das emendas parlamentares já entrou para a história como um capítulo da maior podreira no Congresso. Essa safadeza deveria ser extinta, para o bem do país. Os caras metem a mão grande no orçamento federal, usam a verba pública para irrigar seus currais eleitorais, sem nenhuma prestação de contas sobre a execução de “projetos”.
A previsão de repasse milionário a dois foragidos é, com o perdão do lugar-comum, a pá de cal num parlamento sequestrado pelas ratazanas do centrão. Como você e eu somos pela democracia, vamos torcer para que o voto popular reduza, ainda que numa fração, o tamanho desse bunker da malandragem. Sim, hoje isso parece impossível.










