O período pré-eleitoral, inevitavelmente, transforma a política alagoana em uma liturgia de suposições. Nada é definitivo. Tudo é rumorável. O que hoje parece certo, amanhã vira bruma. O que ontem era fofoca, amanhã é tese. No intervalo entre um cafezinho em Arapiraca e um vinho tardio em um apartamento da Ponta Verde, constroem-se castelos, exércitos, traições e heróis improvisados.
Porque Alagoas, nesse ciclo, funciona como um romance com narrador pouco confiável: todo mundo jura saber o que acontece, mas ninguém realmente sabe. As histórias chegam sempre pela metade. O resto é preenchido por imaginação, ressentimento, ambição e aquela pitada de exagero que só quem vive política é capaz de produzir sem corar.
Os grupos se reúnem em mesas pequenas, onde quatro cadeiras comportam dez opiniões. As conversas começam sobre futebol, desaguam em Brasília e, quando ninguém percebe, já estão destrinchando cenários hipotéticos: quem rompe, quem volta, quem se engana achando que manda, quem manda achando que engana.
Entre uma cerveja e outra, surge a frase que consagra o ritual: “estão dizendo por aí que…”. O “por aí” não tem endereço, mas tem força de lei. Alimenta manchetes invisíveis, textos não publicados, movimentos ainda não feitos. A política alagoana é movida tanto por fatos quanto por frases soltas no ar, e, às vezes, os boatos têm peso de decreto.
O mais curioso é que ninguém admite que está especulando. Todos tratam conjecturas como ciência exata. Até julho de 2026, essa matemática sentimental vai guiar passos, alianças e rompimentos que talvez nunca aconteçam. Mas pouco importa: a narrativa movimenta o jogo tanto quanto o jogo movimenta a narrativa.




