Um adolescente de 13 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), foi vítima de estupro em Maceió após marcar encontro com um homem conhecido pelas redes sociais. O crime ocorreu no último dia 15 de setembro, no bairro da Serraria.
De acordo com a Polícia Civil, o suspeito atraiu o garoto pela internet e combinou de encontrá-lo em frente a um condomínio. O adolescente entrou no carro do homem, mas voltou para casa pouco tempo depois em prantos, com sinais de violência.
O suspeito, que já tinha antecedentes criminais, foi identificado e preso no dia seguinte. A investigação está sob responsabilidade da Delegacia de Combate aos Crimes contra Criança e Adolescente (DCCCA).
Segundo a delegada Talita Aquino, imagens de câmeras e a identificação do veículo foram fundamentais para localizar o acusado. “Logo após a prática do crime, a vítima contou à mãe o ocorrido. Com base nas imagens, confirmamos que o proprietário do carro era o autor”, afirmou.
O inquérito segue em andamento com oitivas de testemunhas, coleta de provas e análise do celular do suspeito. A vítima será ouvida em depoimento especial.
Exposição nas redes sociais
O caso reforça os riscos que crianças e adolescentes enfrentam na internet. Uma pesquisa da Unico, em parceria com o Instituto Locomotiva, aponta que uma em cada três contas de jovens de 7 a 17 anos no Brasil está totalmente aberta ao público.
O levantamento ouviu mais de 2 mil responsáveis entre outubro de 2024 e janeiro de 2025. Os dados mostram que:
- 75% têm perfil próprio em alguma rede social;
- 47% interagem com desconhecidos;
- 61% compartilham fotos pessoais, localização e identificam familiares;
- 40% postam ambientes que frequentam e 33% mostram o uniforme escolar;
- 86% dos pais dizem se preocupar com segurança digital, mas 73% não sabem como agir para evitar vazamentos.
A pesquisa alerta que a falta de supervisão expõe crianças a criminosos, como ocorreu em Maceió. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) prevê que informações pessoais só podem ser coletadas com base legal e consentimento, reforçando a importância da orientação familiar.
Papel dos pais e responsáveis
A psicóloga Glenda Rozendo destaca que a responsabilidade de proteção recai sobre os adultos. “Não basta instalar aplicativos de controle. É preciso acompanhar de perto com quem o filho conversa, quais conteúdos acessa e estabelecer regras claras”, orienta.
Ela acrescenta que mostrar curiosidade e parceria é essencial. “Estabelecer regras claras e explicar por que existe idade mínima para ter rede social ajuda a reduzir riscos”, afirma.
Segundo Glenda, mudanças de comportamento como isolamento, ansiedade ou choro frequente podem indicar manipulação. Nesses casos, a escuta sem julgamentos é fundamental para que a criança se sinta segura.

A psicóloga também defende a importância de ensinar consentimento e respeito desde cedo. “A segurança digital deve ser trabalhada dentro de casa da mesma forma que a segurança presencial”, completa.
Para ela, a primeira reação dos pais deve ser validar os sentimentos da criança e mostrar que ela não está sozinha. O acompanhamento psicológico e o fortalecimento da confiança no ambiente familiar e escolar são passos importantes. “A proteção da criança deve caminhar junto da responsabilização do agressor”, ressalta.
A delegada Talita Aquino reforça que redes sociais nunca são ambientes totalmente seguros. “Pais e responsáveis precisam estar atentos a sinais de manipulação e orientar sobre limites e proteção de dados”, finaliza.
*Estagiária sob supervisão da editoria