Um homem doente. Bolsonaro foi para o hospital em pleno domingo. O ex-presidente deixou o condomínio onde cumpre prisão domiciliar, para fazer exames e se submeter a procedimentos médicos. A consulta foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, atendendo ao pedido que recebeu às vésperas de apresentar seu voto no julgamento da trama golpista. Carlos Bolsonaro reclamou do ostensivo esquema de segurança.
Batedores e dezenas de policiais armados com fuzis seguiram o carro em que Jair Messias foi levado ao hospital em Brasília. Não é nada fora do normal, pelo contrário. Trata-se de medida necessária para evitar qualquer tipo de incidente. Carlos usa a tática escolhida para vitimizar o condenado a 27 anos de prisão por golpe de Estado.
Após o STF tocar o julgamento – a despeito das pressões dos Estados Unidos –, bolsonaristas adotaram o discurso do coitadismo. O homem com “histórico de atleta”, que tratou a pandemia de Covid-19 como “frescura” e “gripezinha”, agora parece agonizar à beira da morte. É a linha de defesa para escapar do regime fechado.
Na frente do hospital, segundo leio na imprensa, havia um grupo de aproximadamente vinte pessoas. Pelas imagens, são velhotes e senhoras com terço e Bíblia nas mãos, com rezas e orações dedicadas àquele que muitos veneram como o verdadeiro Messias. Para estes, Jair é alvo de uma injustiça sem precedentes no país – e é preciso reagir.
A tentativa de forjar uma comoção em torno da figura do ex-presidente é o que resta, por enquanto, como alternativa de defesa. Como se sabe, após a publicação do acórdão do julgamento, haverá recursos com o objetivo de obter redução de danos. É dado como certo que os defensores irão pedir ao STF que Bolsonaro siga preso em casa.
Além desse caminho, a turma de Bolsonaro ainda sonha com aprovação de anistia ampla para os golpistas. Numa tacada só, o Congresso livraria das punições todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, os generais e finalmente o próprio Bolsonaro. A bancada dos aloprados joga tudo num projeto com esse alcance. Não dá.
Também neste domingão, pesquisa Datafolha revela que 54% dos brasileiros rejeitam anistia para Bolsonaro. Na contramão, 39% concordam com a medida. O clamor das ruas, ao que parece, não ajuda aos que insistem em levar adiante o desatino. Reitero o que vai em texto anterior: aprovar anistia é incendiar uma nova crise entre os poderes.