Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) atualmente são um dos maiores desafios para a saúde pública no mundo. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 71% das 57 milhões de mortes no mundo no ano de 2016 foram ocasionadas pelas DCNT. No Brasil, essas doenças foram responsáveis, no mesmo ano, por 74% do total de mortes. Entre os fatores de risco estão o sedentarismo e a má alimentação.

De acordo com a OMS, uma dieta pouco saudável e a falta de atividade física são os principais riscos globais à saúde. Conforme a nutricionista Mônica Tenório, em entrevista ao CadaMinuto, uma alimentação desequilibrada contribui para alterações metabólicas e hormonais que favorecem o ganho de peso, a resistência à insulina, o aumento da pressão arterial e a inflamação crônica.

Riscos da má alimentação

“O consumo frequente de alimentos ultraprocessados está relacionado a um elevado aporte calórico, associado a alto teor de açúcares, gorduras prejudiciais e sódio, além de baixo valor nutricional e presença de aditivos químicos. A longo prazo, esse padrão alimentar aumenta o risco de sobrepeso, obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemias e doenças cardiovasculares, além de contribuir para processos inflamatórios e prejuízos à saúde intestinal”, informou a especialista.

Mônica recomenda que, para criar o hábito de se alimentar de maneira saudável, é essencial começar com a adoção de alterações gradativas, priorizando um hábito de cada vez, como: aumentar o consumo de água ou inserir saladas no almoço e jantar; reduzir progressivamente o consumo de produtos ultraprocessados, substituindo-os por opções naturais; estabelecer horários regulares para as refeições e ler atentamente os rótulos dos produtos, optando por aqueles com menos ingredientes e aditivos.

Como comer bem e gastar menos

A nutricionista também deixa algumas dicas para quem quer se alimentar de maneira saudável e gastando menos:

  • Priorizar alimentos in natura e da estação, que costumam apresentar melhor preço e valor nutricional;

     
  • Realizar compras em feiras livres e mercados locais;

     
  • Utilizar leguminosas como fonte de proteína de boa qualidade e baixo custo;

     
  • Aproveitar integralmente os alimentos, incluindo talos, cascas e folhas;

     
  • Planejar o cardápio semanal, evitando desperdícios;

     
  • Preparar refeições caseiras e marmitas para reduzir gastos externos.

     

“É fundamental compreender que a mudança alimentar é um processo contínuo que exige paciência e constância para gerar resultados duradouros”, destaca.

Exercício físico como tratamento

Conforme explicou o Profissional de Educação Física Alefhy Batista ao CadaMinuto, a alimentação deve estar alinhada com o exercício físico como forma de otimizar tempo e garantir o equilíbrio entre o ganho de massa e a diminuição de gordura.

“O estudo ‘Resistance Training Combined With Diet Decreases Body Fat While Preserving Lean Mass Independent of Resting Metabolic Rate: A Randomized Trial’ pegou indivíduos que apenas faziam treino, que só faziam uma dieta prescrita e que treinavam e faziam dieta. O resultado foi aumento de massa muscular e redução de gordura muito maior para indivíduos que se alimentavam bem e treinavam. Essa otimização é importante tanto para controle de peso, para melhora da qualidade de vida, controle da insulina e também da pressão arterial”, explicou o educador.

Treino certo para cada necessidade

O especialista destaca que, para cada doença, há recomendação de um tipo de exercício. “Quando a gente trabalha, por exemplo, com uma corrida, ela atua no controle da pressão arterial. A musculação atua no controle da insulina. Para obesidade, a junção da musculação com aeróbico, ou até apenas um deles, atua no controle e na melhora do metabolismo e, consequentemente, na redução da gordura.”

Conforme o personal, a prática esportiva, seja ela aeróbica ou anaeróbica, deve ser implementada para todas as pessoas. “Para aqueles que possuem limitações físicas, o treino é feito com algumas observações e com o respeito à individualidade na hora da prescrição. É um treino adaptado para aquelas especificidades. Os médicos indicam que procurem um profissional de educação física para ter uma prescrição adequada. Hoje, eles veem a importância do exercício físico na vida das pessoas, independente da limitação”, enfatizou.

“A OMS mostra que, para um indivíduo deixar de ser sedentário, ele tem que praticar 150 minutos de exercício físico por semana. A gente sabe que o sedentarismo é o mal do século, então, com 30 minutos durante cinco dias, o indivíduo já deixa de ser sedentário. A partir de 30 minutos, a gente já consegue ter benefícios na nossa qualidade de vida. São pequenos hábitos que vão fazer você colher bons frutos lá no final”, concluiu o educador físico.

*Estagiária sob supervisão da editoria