Há quem ainda associe violência apenas ao ato brutal: o tapa, o soco, o empurrão. Mas há outra forma de violência tão cruel quanto: a que não deixa marcas no corpo, mas corrói a alma. Violência é quando ele grita e você abaixa os olhos. Quando controla sua roupa, sua rotina, seu dinheiro, seus amigos. Quando paga suas contas para manter sua boca fechada. Quando oferece conforto e cobra obediência em troca. Quando transforma proteção em prisão e carinho em moeda de troca. Isso também é violência. Isso também mata. Devagar, em silêncio, dia após dia.
“Nem todo agressor bate. Alguns pagam as contas e te silenciam.”
Essa é a frase que ninguém quer dizer em voz alta. Mas é a realidade de muitas, e precisa ser dita. Porque a violência psicológica, patrimonial, moral e emocional é real. Está nas casas bonitas, nos casamentos aparentemente felizes, nos jantares caros e nas fotos com sorrisos ensaiados. Está em quem diz “eu te amo” e, ao mesmo tempo, te impede de ser quem você é.
Violência não é só o que se vê. É também o que se sente. É o medo de falar, a vergonha de pedir ajuda, a culpa por querer liberdade.
E enquanto a sociedade aplaudir quem aprisiona com afeto falso e domínio disfarçado de amor, a violência seguirá vestindo roupas de cuidado e se escondendo atrás de sorrisos.