Entre o jornalismo e a rede social, o que mais influencia o jogo da política? Para os fanáticos por novidades tecnológicas, a pergunta nem deve fazer sentido. Afinal, o que todos querem nessa parada é obter resultado numa velocidade máxima. TV, rádio e jornal ficaram no passado. Mesmo na internet, quem vai atrás de Folha, O Globo, Estadão, Veja? Reza a lenda que tais dinossauros desdentados não assustam mais ninguém.

Ao se eleger em 2018, Bolsonaro saiu decretando a morte da velha imprensa. Embalado pela vitória como candidato “antissistema”, Jair Messias se viu como prova material de que a comunicação mudou para sempre a disputa pelo poder. Um “gabinete do ódio” chefiado pelo filho Carluxo resolvia as demandas marqueteiras.

No começo do governo, lá em 2019, foi mais ou menos por aí. Mas, logo nos primeiros ruídos entre a gestão e o grande público, o jornalismo esteve no centro dos acontecimentos. Bolsonaro comprou a linha editorial da Jovem Pan, do SBT e da Record na tentativa de escalar seu time de aliados na chamada grande mídia.

Corta para o Jair a caminho da prisão. Na última semana, o ex-presidente saiu batendo de porta em porta nos veículos de comunicação. Desde que o STF apertou o passo no julgamento, o principal réu da trama golpista vive a dar entrevistas. Mas nada se compara com os dias atuais, após o tarifaço de Trump e a operação da PF.

Após receber uma tornozeleira eletrônica, o homem saiu falando com CNN Brasil, Metrópoles, Poder-360, Band, Record News, entre outros. Além das conversas exclusivas, o “mito” concedeu não sei quantas entrevistas coletivas, também num único dia. Parece que os craques das redes ainda veem força na imprensa “ultrapassada”.

Cadê o gênio chamado Carlos Bolsonaro? Por que o sabichão das traquinagens digitais não saca uma solução definitiva para salvar o pai? Onde estão os memes arrasadores e as tacadas que viralizam de modo fulminante? A revolução das redes não opera milagres.

Bolsonaro, que decretou local e data para o funeral do jornalismo, amarga a desilusão com seu delírio. Achou que poderia aprontar o que quisesse e, depois, falaria sozinho. Errou. Agora fala feito uma matraca, sem parar, na imprensa que estava “morta”.