O tarifaço de Trump contra o Brasil é notícia mundo afora pelos efeitos na economia. No plano nacional, o ataque americano chacoalha a política e causa um terremoto na direita, em todas as suas gradações. Primeiro, diferentes atores desse campo saíram atirando em direções opostas e, logo adiante, tentaram ajustar a retórica superficial e oportunista. Com o jogo em andamento, seguem em busca de um discurso conveniente.
Claro, a briga por protagonismo ocorre em todos os campos, mas na direita a pancadaria correu solta nos últimos dias. Eduardo, Carlos e Flávio Bolsonaro, cada um com seu estilo peculiar, mandaram recados àqueles considerados “traidores” do Jair. Michelle também se manifestou, sinalizando que não está parada vendo a paisagem.
Em situação ridícula ficaram os governadores candidatos à sucessão de Bolsonaro na liderança da ultradireita. Romeu Zema (MG), Tarcísio de Freitas (SP) e Ronaldo Caiado (GO) mostraram indigência moral e política ao se manifestar sobre o caso. Nenhum dos três foi capaz de uma frase contra Trump e em defesa do Brasil. Preferiram bater em Lula.
A posição dos governadores é tão grotesca que até o velho Estadão – porta-voz desse segmento político – achou demais. “Até quando a direita brasileira permitirá ser escrava de um desqualificado como Bolsonaro?”, pergunta o editorial do jornalão. O texto chama o trio de “marionetes de um golpista contumaz”. Folha e O Globo vão na mesma linha.
Tarcísio de Freitas, deve-se reconhecer, superou os colegas em seu teatro farsesco. O sujeito chegou a pedir a ministros do STF que liberassem uma viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos – para ele “negociar” as tarifas com o presidente Trump. Conseguiu irritar todo mundo e, desmoralizado, busca agora a fantasia do político “moderado”.
Bom, sobre Bolsonaro, aí o negócio fica entre o cinismo e o delírio. Ele “exige pressa” dos poderes brasileiros na obediência à chantagem de Trump. Simplesmente anistia geral para todos os golpistas – dos “malucos” aos milicos. Em 2026, o “mito” volta às urnas.
Não vai acontecer, mas o bolsonarismo segue nessa toada. O problema é a impaciência do “pessoal do mercado”. Quem diabos confia num delinquente como Bolsonaro? Daí o tom agressivo do Estadão. Tarcísio se queimou. Na direita, uma crise inédita.