Suspeito que já escrevi sobre o assunto mais de uma vez neste blog. Qual o meio preferido dos brasileiros na hora de buscar informação sobre o que se passa no dia a dia – e especialmente sobre a bagaceira no mundo da política? Claro, até ontem a TV aberta era o caminho favorito nessas horas. A supremacia absoluta durou décadas, até o advento da revolução digital, consagrada na Era do Metaverso. Hoje, segundo diferentes pesquisas, aplicativos de mensagens e redes sociais estão no topo da preferência para quem busca informação. Mas esses “veículos alternativos” produzem conteúdo próprio?

A maioria, que eu saiba, não. O que está espalhado pelo caótico emaranhado das redes são dados, informações e opiniões pescados na imprensa profissional, no velho jornalismo. Mas é evidente que também há conteúdo criado por uma legião de amadores, sem nenhum critério jornalístico, divulgado de todo jeito, sob interesses que não podemos identificar. E tome “cancelamento” a cada clique e a cada curtida.

Agora veja que doideira ainda maior: a multidão de brasileiros que elege a rede social como principal meio para se informar é a mesma que afirma não confiar nesse aparato virtual. Foi o que constatou uma pesquisa Genial/Quaest divulgada em setembro passado. Segundo os números, 57% de todas as tribos no país afirmam não ter confiança no que encontram nas redes. Apesar disso, a audiência não para de subir.

Diante desse teorema disparatado, é incontornável aceitar que estão certos os milhares de “especialistas”, quando repetem aos quatro cantos que vivemos numa distopia à base de uma “dissonância cognitiva”. Sim, com o perdão pelo lugar-comum, acreditamos precisamente no que queremos acreditar. É o que chamam ali no boteco de “viés de confirmação”, confere? Para encurtar a prosopopeia, da pré-história ao multiverso, vigora o eterno paradigma assim resumido: me engana que eu gosto.