No próximo dia 6 de julho, o Partido dos Trabalhadores realiza em todo o país o Processo de Eleições Diretas (PED), que escolherá seus novos dirigentes em todas as instâncias: nacional, estadual e municipal. É indiscutivelmente o modelo mais democrático de escolha interna partidária existente no Brasil. Um processo que mobiliza milhares de militantes e reafirma a pujança organizativa de um partido que, apesar de tudo, mantém viva sua base social.
Mas o que está em jogo vai muito além da escolha de presidentes. Em Alagoas, a eleição deste ano representa um ponto de inflexão. O movimento Renova PT surge com chances reais de vitória, e mais do que isso: com a responsabilidade de sinalizar uma mudança de paradigma. Porque renovar, aqui, não pode ser entendido como a simples substituição de nomes. Não se trata de tirar Paulão para colocar Ronaldo, de trocar Ricardo por Dafne. Todos são figuras respeitáveis, militantes históricos. Mas o problema não é pessoal, é estrutural.
É preciso romper com a política de conciliação e submissão às oligarquias que há décadas controlam Alagoas. O PT precisa reencontrar sua razão de existir: ser a voz dos trabalhadores, das periferias, da juventude, dos movimentos sociais. Ser a oposição concreta a figuras que personificam a reprodução da desigualdade, do atraso político e da elite que bloqueia o desenvolvimento popular do nosso estado.
Mas é sabido que esse desafio não é apenas local. Os limites impostos pelo próprio lulopetismo, que tem como base a governabilidade por meio da conciliação nacional, têm sacrificado o PT em diversos estados. E em Alagoas essa escolha cobra um preço alto e histórico. Derrotas sucessivas, alianças vergonhosas, protagonismo político esvaziado. A estrutura nacional do partido impõe acordos que, na prática, sepultam o PT alagoano enquanto alternativa real de poder popular.
Por isso, os lutadores e lutadoras que ainda resistem dentro do PT precisam compreender que a disputa do dia 6 de julho não é só sobre a direção estadual. É uma disputa contra a capitulação interna, contra o lulopetismo burocrático, contra a velha política local. Ou o PED será vencido com coragem para enfrentar tudo isso, ou restará reconhecer que o partido chegou ao limbo e que há, no Estado de Alagoas, outras formas de organização e luta em curso, mais coerentes com os interesses históricos da classe trabalhadora.