Existe um ditado popular que carrega mais verdade do que muita teoria: “A esperteza, quando é muita, cresce, vira bicho e engole o dono.” É uma frase que atravessa gerações porque fala de algo universal: o excesso. O problema nunca é a esperteza em si, mas o que ela vira quando ultrapassa o ponto: arrogância, prepotência e um senso de superioridade que cega.

O esperto demais acredita que está sempre um passo à frente. Gosta de manipular cenários, maquiar situações, controlar aparências. Faz pose, ensaia falas, se comporta como o protagonista de um espetáculo onde todos os outros são figurantes. Mas o que ele não percebe é que, ao exagerar, a esperteza deixa de ser recurso… e se transforma em armadilha.

A inteligência verdadeira constrói. A esperteza em excesso apenas disfarça. E quanto mais disfarce, mais frágil a base. Uma hora, o jogo vira. Um gesto incoerente, uma contradição, um tropeço, e tudo começa a desmoronar. Não porque alguém derrubou, mas porque o próprio peso da encenação o afundou.

É aí que o “bicho” nasce. Alimentado por vaidade, por aplausos forçados, por uma confiança cega na própria capacidade de impressionar. Cresce em silêncio. E quando se dá conta… já é tarde. O mesmo esperto que achava controlar tudo é engolido pela criatura que ele mesmo criou.

A esperteza que não tem limite perde o rumo. E quem vive de jogadas, cedo ou tarde, tropeça no próprio teatro.