Sidônio é competente? Sem dúvida. Um dos maiores nomes do marketing político do país. Construiu vitórias, embalou discursos, deu alma a campanhas. Mas a competência no marketing eleitoral não garante, por si só, habilidade na gestão pública. Porque, no governo, não basta emocionar. É preciso resolver.
Sidônio assumiu a Secom com a missão de “recuperar” a imagem do governo Lula em 90 dias. Passaram-se cinco meses e o desgaste só aumentou. E não por falta de esforço técnico ou talento criativo — mas porque o problema está em outro ponto: o próprio governo ainda não entendeu que a comunicação de hoje não se faz mais como em 2003.
Lula 1 e Lula 2 pertencem a um tempo que não existe mais. Aquele Brasil mudou. A forma de se informar mudou. A velocidade mudou. Hoje, a população está conectada 24 horas, cobra em tempo real e viraliza descontentamento com um clique. O discurso carismático, sozinho, já não sustenta mais a narrativa. A retórica emocional não segura a frustração de quem sente a economia no bolso, a insegurança na rua e a saúde no postinho.
Sidônio tenta fazer comunicação em um governo que ainda acredita que popularidade se constrói em palanque. Tenta estruturar uma estratégia em um partido que insiste em viver da memória afetiva dos anos dourados, sem perceber que o algoritmo da política agora é outro.
O desafio de Sidônio não é apenas recuperar a imagem do governo. É fazer o próprio governo entender que a comunicação não é uma peça final — é parte da engrenagem. Se o conteúdo é ruim, não há narrativa que sustente.
Sidônio tem talento. Mas até ele sabe: nenhum gênio da comunicação consegue salvar um governo que insiste em se comunicar com o país como se ainda fosse 2006.
Se não entenderem isso, nem o melhor dos marqueteiros vai conseguir traduzir um governo que parece não falar mais a língua do povo.
Porque no mundo real, comunicação sem gestão é só ruído.
E ruído não governa.