Um ano e seis meses após o assassinato de Louise Gbyson Vieira de Melo, mulher trans morta a tiros por Albino Santos de Lima — conhecido como o “serial killer de Maceió” — o acusado enfrenta, nesta sexta-feira (6), o júri popular.
O crime aconteceu em novembro de 2023, no bairro Vergel do Lago, quando Louise voltava a pé da escola. O julgamento ocorre no Fórum da Capital e marca um avanço no processo por justiça no caso, considerado um dos mais violentos dos últimos anos em Maceió.
O promotor de Justiça Antônio Vilas Boas, titular da 47ª Promotoria da Capital, reforçou que o Ministério Público de Alagoas (MPAL) sustentará a condenação pelo crime de feminicídio, com duas qualificadoras graves: motivo torpe, derivado de um sentimento perverso de justiçamento, e o uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, que foi pega de surpresa.
“A expectativa é que, ao final, a justiça seja feita com a condenação do réu. O argumento da defesa não tem nenhuma sustentação. Não faz o menor sentido”, afirmou o promotor.
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Sobre a alegação da defesa de que Albino teria uma doença mental, o promotor esclareceu que essa tese foi derrubada por um laudo psiquiátrico que comprovou que o acusado tinha plena consciência de seus atos no momento.
“ O que ele tem, na realidade — e esse é o entendimento do Ministério Público — é um perfil psicopata. Albino é indiferente ao sofrimento alheio, não demonstra qualquer sentimento de culpa e possui traços de personalidade antissocial, típicos de um psicopata. O que ele apresenta é um transtorno de personalidade, não uma doença mental”, finalizou Antônio Vilas Boas.
Além disso, o réu alega ter cometido os crimes atendendo a um chamado do arcanjo Miguel, utilizando essa narrativa para transferir a responsabilidade e justificar seus atos como uma suposta inspiração divina.
O caso Louise
Louise Gbyson Vieira de Melo foi perseguida e assassinada a tiros em 11 de novembro de 2023, no bairro Vergel do Lago, em Maceió, enquanto voltava da escola, após desconfiar que estava sendo seguida. Testemunhas relataram ter visto o atirador, e investigações integradas identificaram Albino Santos de Lima como autor do crime. Provas balísticas confirmaram que a arma usada no assassinato pertencia a Albino.
Segundo o promotor, Albino perseguiu Louise por cerca de sete meses, monitorando suas redes sociais para planejar o ataque de forma obsessiva e calculista. O crime é caracterizado como feminicídio, motivado por ódio ao gênero feminino e pelo desejo de dominação, conforme ressaltado pelo promotor.