A morte da nutróloga alagoana Paula Domingues Kotovicz, especialista em emagrecimento saudável, além da comoção, levantou muitas dúvidas entre internautas. Ela faleceu, na última quarta-feira (14), vítima de derrame pericárdico e pleural.
O derrame pericárdico é o acúmulo de líquido entre as duas camadas que envolvem o coração. Já o derrame pleural é o acúmulo de líquido entre as membranas que envolvem os pulmões.
Ao CadaMinuto, o médico pneumologista Arthur Gomes Neto e o médico cardiologista, Carlos Emídio Mota, esclarecem sobre o derrame pleural e derrame pericárdico, respectivamente.
Leia as entrevistas:
Derrame pleural
Segundo informações do Ministério da Saúde (MS), o derrame pleural é dividido basicamente em dois tipos, sendo esta distinção importante para o estabelecimento da causa. Ele pode ser transudato ou exsudato.
No transudato, O líquido pleural é claro e transparente, sem células, com baixa concentração de proteínas, indicando um acúmulo de um líquido semelhante ao líquido pleural normal.

O derrame pleural que se manifesta com líquido tipo transudato é normalmente causado por: insuficiência cardíaca, cirrose, síndrome nefrótica, insuficiência renal avançada, hipertireoidismo descompensado e Diálise peritoneal.
Já no derrame pleural exudato, o líquido pleural é rico em proteínas e células inflamatórias, tem aparência mais viscosa e opaca, por vezes, com sinais de sangue misturado, podendo nos casos de infecções se apresentar tipicamente como uma coleção de pus. Neste caso, ele ocorre normalmente por inflamação da pleura, podendo ser causado por vários grupos diferentes de doenças, incluindo infecções, doenças sistêmicas e cânceres.
As doenças mais comuns que causam derrame pleural exsudativo são: pneumonia, tuberculose mesotelioma, linfoma, embolia pulmonar, lúpus, artrite reumatoide e outras doenças autoimunes, pancreatite, cânceres com metástases para a pleura, complicações intra-abdominais, como peritonites ou abscesso. síndrome de hiperestimulação ovariana e radioterapia.

Confira o que diz o pneumologista Arthur Gomes Neto:
O que é um derrame pleural?
É o acúmulo de líquido na cavidade pleural, ou seja, no espaço virtual entre o pulmão e a parede torácica.
É possível prevenir?
Sim, desde que a causa seja uma condição que tenha condições de se corrigir como Insuficiência Cardiaca.
Como o derrame pleural é diagnosticado e tratado?
Pode ser diagnosticado pela radiografia do tórax, tomografia computadorizada ou, até mesmo, ultrassonografia. Mas o médico já pensa no diagnóstico quando ausculta e percute os pulmões no exame clínico. O tratamento está voltado para a causa que o desencadeou, que nem sempre é facilmente resolvida, como nos secundários por câncer.
Quais os sintomas?
Dor torácica, quando a pleura está inflamada; falta de ar, quando ocorre o acúmulo de maiores quantidades de líquido na cavidade pleural.
Há alguma propensão genética? Quais os fatores de risco?
Não existe uma causa genética para o desenvolvimento do derrame, mas eles ocorrem sempre como consequência de uma doença na pleura, como é o caso na tuberculose pleural e nas metástases pleurais de alguma neoplasia maligna. Outros podem ocorrer por insuficiência de algum órgão, como o coração, ou o fígado ou os rins.
Os fatores de risco e risco são relacionados às inúmeras doenças que podem acometer a pleura de forma direta ou as doenças dos órgãos citados acima que causam insuficiência dos mesmos.
Qualquer pessoa pode ter um derrame pleural?
Qualquer pessoa pode ter derrame pleural, desde os recém-nascidos aos mais idosos.
Derrame Pericárdico

Além das patologias comumente associadas ao coração, como isquemias, arritmias e insuficiência cardíaca, também existem aquelas que não são tão desconhecidas da maioria das pessoas, mas que também são perigosas. É o caso do derrame pericárdico, uma condição que acomete o coração, trazendo riscos para o funcionamento do órgão e, por consequência, para a vida do paciente.
Os sintomas do derrame pericárdico variam conforme o grau da infecção, que faz com o que acúmulo de líquido seja baixo ou mais alto, confira quais são os principais deles: dificuldade para respirar; sensação de cansaço, principalmente deitado; dor do lado esquerdo do peito; tosse; febre; aumento do ritmo dos batimentos.

Confira o que diz o médico cardiologistas, Carlos Emídio Mota:
O que um derrame do pericárdico e por que acontece?
Entende-se por derrame pericárdico, o acúmulo anormal de líquido entre as membranas que compõem o pericárdio, um tipo de saco que envolve e dá suporte ao coração. Ocorre esse aumento patológico de líquido por vários fatores como processo inflamatório da membrana pericárdica, infeções que atingem o pericárdio, traumas diretos no Curaçao e seus vasos, insuficiência nos rins e por processo neoplásico (câncer).
Qual a diferença entre o derrame pericárdico e um derrame pleural? Uma pessoa pode sofrer os dois simultaneamente?
O derrame pericárdico ocorre entre a membranas do saco pericárdico, ao redor do coração. No derrame pleural ocorre acúmulo de líquidos em excesso entre as membranas pleurais, que envolvem os pulmões. Uma pessoa pode ter ambos e um pode decorrer do outro. Por exemplo: um derrame pericárdico importante, com tamponamento cardíaco, pode elevar a pressão nos vasos dos pulmões e fazer extravasar líquido que se acumula nas pleuras.
Como ele é diagnosticado e tratado?
O diagnóstico do derrame pericárdico pode ser feito clinicamente (no caso de um derrame importante, ao exame físico podemos notar alterações nos pulsos, na pressão arterial, nas veias jugulares e na ausculta cardíaca com hipofonese das bulhas cardíacas, sugerindo grande derrame e tamponamento cardíaco). E temos também os exames complementares como raio x tórax, eletrocardiograma, ecocardiograma (que é o mais realizado e mais prático método de diagnóstico nessa patologia), tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética.
Então, o tratamento vai da simples observação e acompanhamento em derrames leves, uso de anti-inflamatórios em derrames moderados, uso de antibióticos em derrame infeccioso, até a drenagem desse líquido com agulha por punção ou abertura do saco pericárdico para retirada do excesso de líquido (caso de tamponamento cardíaco).
Quais os sintomas do derrame pericárdico e em que momento a pessoa deve procurar um médico?
Os sintomas são iguais aos de outras patologias cardíacas: dispneia (falta de ar), dor torácica, palpitações, tontura. Procurar o médico logo que algum desses sintomas aparecer.
Quais os fatores de risco? Qualquer pessoa pode ter?
Qualquer pessoa pode ter. Os fatores de risco são as patologias de origem cardíaca, renal, oncológicas e relacionadas ao meio (caso de infecções bacterianas, virais ou fúngicas).