Não é “só um publi”. Não é “só uma indicação”. É influência — e influência, quando mal usada, vira armadilha.
Não existe meio termo entre “ganhar com o alcance” e “não se meter com as consequências”. Toda escolha de mostrar, indicar ou vender algo é uma decisão, e toda decisão tem peso. Tem impacto. Tem responsabilidade.
Em tempos em que um story vale mais do que uma aula inteira, precisamos dizer, com todas as letras: influenciador é, sim, responsável pelo que divulga.
Não adianta posar de isento quando o pix cai. Não adianta fazer carão no close e depois se esconder no “não sabia”. Influenciador que vende produto duvidoso, procedimento arriscado, aposta disfarçada de joguinho, está participando ativa e conscientemente da manipulação de quem confia nele.
A lógica da influência é simples: quem tem voz, tem poder. E quem tem poder, tem responsabilidade. É desonesto se aproveitar do engajamento pra lucrar com o que pode prejudicar a vida, a saúde, o bolso e até a liberdade de quem te acompanha. Não existe neutralidade quando se escolhe ser vitrine. Quem se dispõe a indicar, publicitar ou endossar algo, assume o risco do que isso causa.
E não se trata de cercear liberdade trata-se de lembrar que influência é ato público. E o público merece respeito.
Ser influenciador é profissão, sim. Mas antes de ser profissão, é posição de impacto. Não cabe mais a desculpa da ignorância. Cabe, sim, a ética. A consciência. A responsabilidade. Porque likes não blindam caráter. E seguidores não eximem de culpa.
O que você mostra, você legitima. O que você indica, você compartilha. E o que você lucra, você responde.
Influenciadores são, sim, responsáveis pelo que divulgam. E a sociedade não pode mais aceitar que isso seja tratado como mero detalhe de contrato.
A influência é sua. A consequência também.