A primeira novidade na eleição deste ano é o número de vagas na Câmara Municipal de Maceió. O colegiado sobe das atuais 25 cadeiras para 27, um acréscimo aprovado em outubro do ano passado. E poderia ser mais. Segundo estabelece a Constituição, as cidades com população entre 900 mil habitantes e pouco mais de 1 milhão podem acomodar até 31 vereadores. Em 2028, pode apostar, isso estará resolvido.

Um segundo aspecto a ressaltar são as candidaturas de Rui Palmeira e Cícero Almeida, dois ex-prefeitos da capital que tentam recomeçar do zero. Os dois já passaram pela Câmara, decolaram para voos lá no alto e, cada qual a seu modo e em circunstâncias diversas, viveram derrotas com as escolhas que fizeram. Quem saca do assunto garante que a dupla vai se eleger. A conferir se as urnas confirmam as previsões.

Troca-troca. Dos 25 titulares de mandato na Câmara, apenas 8 atravessaram os quatro anos no mesmo partido pelo qual se elegeram. Fidelidade partidária é uma das ficções tipicamente brasileiras. E a farra era ainda mais grave do que é hoje. Alguns anos atrás a mudança de legenda se dava a toda hora, a depender de qualquer arranjo político de ocasião. O TSE tentou impor um freio, mas quase nada mudou pra valer.

Quem troca de partido sem justificativa reconhecida pela Justiça perde o mandato – porque o dono desse mandato é o partido pelo qual a figura se elegeu. Ocorre que nem sempre a legenda abandonada recorre ao Judiciário para fazer valer a lei. E tem a janela oficial, período em que o troca-troca está legalmente liberado. Este ano, vereadores de Maceió usaram o janelão em massa. 15 nomes mudaram de time.

Clube da macharada. Precisamos desesperadamente de diversidade em todos os segmentos da sociedade. Como estamos falando da eleição para vereador, fiquemos por aqui. Mulheres são maioria na população do estado e em Maceió. Mas isso está muito longe de se refletir nos ambientes de poder. Na Câmara da capital são apenas quatro mulheres no meio de 21 marmanjos. É insuportável. Vote na mulherada!

O quarteto feminino no parlamento municipal tem Gaby Ronalsa (PV), Olívia Tenório (PP), Silvânia Barbosa (Solidariedade) e Teca Nelma (PT). São nomes de famílias com tradição na política, mas isso não é um problema em si. São perfis distintos e atuações voltadas para diferentes pautas. Como todo mundo, podem acertar e errar também. Que essa bancada cresça nestas eleições. É algo urgente para uma vida melhor.

No geral, é uma Câmara problemática que se mexeu para o lado errado na janela partidária. No arrastão da extrema direita, o PL de Bolsonaro virou o maior partido com 11 filiados. Há gente moderada, é verdade, como Eduardo Canuto e Marcelo Palmeira. O extremista raiz pra valer é Leonardo Dias. O movimento se deu mesmo em função de acordos paroquiais para reforçar o projeto do prefeito João Henrique Caldas.

Reza o lugar-comum que a eleição municipal é a que mais fala de perto ao eleitor – porque moramos numa cidade real, concreta, visível. Estado e país são abstrações. Se essa ideia vigorar na prática, nossas escolhas podem ser mais saudáveis.