Quem tem medo do escândalo do Banco Master? A julgar pelas reações de autoridades Brasil afora, o caso assombra uma multidão de prefeitos, governadores, secretários, diretores de fundos de pensão e políticos em geral. O noticiário também tira o sono de ministros e ex-ministros do atual governo e do governo passado. Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, parece meio queimado com as revelações. Até o ministro Alexandre de Moraes é citado – porque sua senhora atuou para o banco como advogada.

Num caso desses há sempre maledicências contra pessoas que nada têm a ver com os esquemas denunciados. Segundo a Polícia Federal, o Master tocou uma fraude de 12 bilhões de reais. A jogada é velha conhecida no mundo dos investimentos. A entidade financeira negocia títulos e carteiras de crédito com a promessa de rentabilidade nas alturas. Aí, chega o dia do vencimento e, na hora de pagar os ganhos aos credores, cadê? Dá-se a falta de liquidez, ou seja, o banco não tem dinheiro para honrar o acerto.

Por que gestores públicos caíram nesse conto do vigário? É que o Master fez uma parceria com o BRB, o Banco de Brasília, e por alguma razão misteriosa, essa turma convenceu prefeituras e governos estaduais a “investirem” fortunas em busca de fortunas ainda maiores. Ô, beleza! Mas deu ruim. O calote é generalizado. O Fundo Garantidor de Crédito garante o ressarcimento de até 250 mil reais. Quem investiu milhões, já era. 

O caso está sob investigação, num emaranhado de números, nomes e relações perigosas para todos os lados. É uma dessas encrencas que mexem com tanta gente, de tantos escalões e patentes, que o perigo é não se esclarecer nada. Nesse tipo de bagaceira, o mais provável é que a conta acabe sobrando para o bode expiatório ou algo por aí. Dizem a PF e o BC que dessa vez os graúdos do negócio serão alcançados.

E um aspecto lateral, mas longe de ser desimportante: o potencial corrosivo para aventuras eleitorais em 2026. Citados nas investigações, políticos já em pré-campanha temem o efeito negativo do noticiário sobre o Banco Master. Vai ser uma chateação para alguns ter que falar sobre o rolo em debates e sabatinas. Marqueteiros já coletam material para o confronto de ideias. Escritórios de advocacia estão de plantão.

Na foto lá do alto, Daniel Vorcaro, o dono do Master. Ele está preso.