Um homem surtado e paranoico. É o que dizem aliados de Bolsonaro após a prisão preventiva decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Até ontem, os defensores do ex-presidente golpista falavam em “injustiça”, “perseguição” e “vingança”. Os três conceitos, digamos assim, resumem todo o palavrório bolsonarista para “explicar” a ação judicial contra o capitão da tortura. Tudo culpa de uma “ditadura do Judiciário” que resolveu tirar do jogo o valente patriota que “desafiou o sistema”.
Depois das imagens do vídeo no qual o condenado confessa que tentou se livrar da tornozeleira, o que a defesa pode argumentar? Está lá, na própria voz de Jair: “Meti o ferro aí”, diz ele calmamente a uma agente do sistema prisional do DF que foi à mansão de Bolsonaro verificar o que havia acontecido com o equipamento. É uma bizarrice à altura do padrão bolsonarista. Até os mais chegados ficaram perplexos.
Diante da presepada, a defesa do sujeito – incluindo advogados, família e políticos – apela agora para a psicologia. Ele está desorientado com tudo isso, relatam alguns que falam com a imprensa sem ter a identidade revelada. A solidão no condomínio de luxo em Brasília teria afetado o juízo do homem que até agora estava em prisão domiciliar.
As reações “indignadas” na extrema direita fazem parte do teatro previsível. Bolsonaristas tinham certeza de que a pressão política seria capaz de aliviar a barra para o “chefe da organização criminosa” – nos termos da sentença de 27 anos de prisão. Até um apelo grotesco aos Estados Unidos foi feito para mudar o curso dos acontecimentos.
O pedido explícito de uma intervenção de Trump no Brasil foi o ápice de um movimento inédito na história do país. Muito antes, com o mesmo propósito de afrontar as instituições, houve todas aquelas manifestações de rua, com o dito gado implorando por um golpe em favor do vagabundo. Até parece que parte dos brasileiros vive “surtada”.
Voltando às reações após a preventiva do Jair, temos de aguentar desqualificados – de Sóstenes Cavalcante a Leonardo Dias – a despejar mentiras sobre fatos escancarados. Não, este lixo não é vítima de coisa nenhuma. É apenas uma porcaria que pretendia se manter no poder a todo custo, mesmo após derrota nas urnas. Um criminoso.
Mais uma vez, como vem ocorrendo desde que toda essa bagaceira começou, o Brasil demonstra que avançamos na defesa do Estado de Direito, da democracia enfim. Foi-se o tempo em que marginais – com e sem farda – tomavam o país de assalto, recorrendo a tortura e a assassinatos, na certeza de que ficariam impunes. Não mais.
Como na política não existe espaço vazio – é o que diz a lenda –, a ultradireita busca um nome para o lugar de Bolsonaro. Quanto aos bajuladores fanáticos do ex-presidente condenado, sugiro que se apresentem para cumprir pena ao lado do ídolo. Afinal, para cidadãos de bem, quem gosta de bandido leva bandido para cuidar em casa.










