No meio do tsunami que sacode o bolsonarismo, a ultradireita e a política em geral, o noticiário sobre a prisão de Jair Messias é indissociável das especulações eleitorais. A cada texto sobre uma medida judicial ou alguma presepada de Bolsonaro, sempre haverá uma “avaliação”, uma “análise” e uma “projeção” acerca dos desdobramentos para a disputa de 2026. Afinal, qual o destino dos votos que o ex-presidente receberia, caso fosse candidato no ano que vem? A algaravia espalha alternativas para todos os gostos.
Ou quase isso. É que a chamada direita civilizada parece ter sido triturada e engolida pelos milicianos que rezam o catecismo da extrema direita. Para o perturbado Eduardo Bolsonaro, gente como Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Ratinho Junior integram o que ele chama de “a direita permitida”. Aliás, para o deputado home office, esses aspirantes a candidatos são “prostitutas” a serviço do “sistema apodrecido”.
A turma já vive em permanente tiroteio, com acusações que, volta e meia, homenageiam o obsceno e a vulgaridade. Nesse jogo à base da sujeira verbal, os Bolsonaro contam com a linha auxiliar de gente como Paulo Figueiredo e Allan dos Santos. O primeiro é neto de João Figueiredo, o derradeiro ditador. O segundo é mercador de falsidades, guru de rapazes cristãos que descobriram tardiamente a existência de Olavo de Carvalho.
Sim, apesar de toda a gritaria, Tarcísio de Freitas é o favorito para assumir o lugar de Bolsonaro na urna eletrônica. O grande cabo eleitoral e entusiasta do governador de São Paulo é o mercado. O “gestor técnico e moderado” já se ajoelhou para os donos do dinheiro. Com aval de uma elite inculta e corrupta, Tarcísio está liberado para botar o bloco na rua. O temor do homem é justamente a família Bolsonaro.
Eduardo se lançou candidato a presidente por conta própria. Combina com sua rotina em um mundo paralelo. Nos últimos dias, espalhou-se na imprensa a virtual candidatura do senador Flávio, o filho mais velho. O pai e os seus não aceitam outro sobrenome para enfrentar o presidente Lula. Consideram que são donos de um eleitorado cativo.
Se o “candidato” Eduardo Bolsonaro sempre foi uma piada, a aventura do irmão Flávio pegou o mesmo atalho rumo ao desastre. Foi ele quem agitou o ambiente nas horas que precederam a prisão preventiva do Jair. A ruína de um provável plano de fuga para o capitão da tortura arrastou junto a miragem do Zero Um como presidenciável.
Ao que tudo indica, o novo ano vai chegar sem uma decisão do campo conservador – eufemismo para reacionários que empestam a política brasileira. Enquanto esses apoiadores de golpista continuarem a cantilena de anistia e coisa e tal, o impasse não sai do lugar. Bolsonaro na cadeia atiça aliados que precisam se livrar do mestre tóxico.










