A escória do parlamento brasileiro não desiste da presepada. Em nome da impunidade para criminosos condenados por tentativa de golpe de Estado, um bloco de deputados e senadores volta com a farsa de uma anistia geral. Na verdade, o objetivo principal é e sempre foi beneficiar Jair Bolsonaro. Para isso, os defensores da safadeza fingem preocupação com os “inocentes” presos pelo 8 de janeiro de 2023. Parece filme ruim reprisado pela enésima vez, estrelado por canastrões, dirigido por quadrilheiros.

Nesta segunda-feira, lá estavam eles, os de sempre, em entrevista coletiva, para anunciar que agora vai: querem porque querem votar um Projeto de Lei que livra Bolsonaro da condenação, atropelando o Poder Judiciário e rasgando a Constituição. Flávio Bolsonaro, Rogério Marinho, Sóstenes Cavalcante, Delegado Não sei o Quê e Coronel Não sei das Quantas são algumas das “lideranças” à frente da Operação Bandidagem.

A bancada golpista requenta o assunto após a prisão preventiva de Bolsonaro. Como se sabe, há meses tramita na Câmara o tal PL da dosimetria das penas para todos os condenados – da ralé ao generalato. Já é uma extravagância, mas o gangsterismo do centrão, da ultradireita e do bolsonarismo acha pouco. Quer anistiar o ex-presidente.

A insistência nessa ideia atesta o nível de delinquência política e o desprezo pelos princípios republicanos dessa gentalha. O parlamento não pode criar leis para atingir um grupo específico ou beneficiar um indivíduo. Isso é casuísmo abrutalhado, coisa de coronelismo e jagunçada. Seria um retrocesso de consequências mortais.

Não tem chance de prosperar – ainda mais agora depois de um “alucinado” Bolsonaro “meter o ferro quente” na tornozeleira. Mas, na firme tradição de afrontar a decência, a lei e a lógica, os depravados não desistem. Para levar adiante o disparate, a turma precisa forçar a pauta na Câmara e em seguida aprovar tudo no Senado. 

Na remota hipótese de o Congresso se dobrar à investida escandalosamente ilegal, caberá ao STF barrar a indecência. Há um consenso no meio jurídico quanto ao desenho inconstitucional do projeto. Apesar de Luiz Fux, André Mendonça e Kássio Nunes, é impossível que o Supremo aceite tamanho achincalhe ao Estado de Direito.

A coisa pode até render algum barulho na Câmara porque, afinal, o invertebrado Hugo Motta já foi até chutado de sua cadeira por esses farsantes – e nada fez para repor sua autoridade. No Senado, Davi Alcolumbre opera em outra frequência de malandragem, e não se deixa manietar. Não é por acaso que comanda a Casa pela segunda vez. 

Seja como for, os dois presidentes, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, podem ser levados a escolher entre a dignidade e a desmoralização. Por aí.