CPI da Braskem já ouviu o prefeito JHC?

09/05/2024 00:14 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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Integrantes da CPI da Braskem no Senado vieram passear em Maceió nesta quarta-feira (foto). Empenhado em captar dividendos eleitorais, Rodrigo Cunha é o mais animado entre os quatro senadores que formam a caravana. Segundo a agenda oficial divulgada, a turma iria visitar bairros atingidos pelo afundamento – uma atividade diversionista sem utilidade prática. Os trabalhos estão na reta final, dizem relator e presidente.

O relatório será apresentado no próximo dia 15. A previsão é de que o texto seja levado à votação no dia 22. Pelo que se viu durante o período de depoimentos, a expectativa não é das melhores. Punição para os responsáveis é uma possibilidade no campo da quimera. O que se espera é que os senadores apontem para a necessidade de revisão nos valores das indenizações. Um item obscuro é o acordo entre a empresa e a prefeitura de Maceió.

São muitos os moradores que denunciam avaliação abaixo do valor real de seus imóveis. Situação gravíssima é a de pequenos empresários que viram seus negócios ruírem do dia pra noite. Esse grupo alega atuação abusiva da Braskem ao definir a verba indenizatória. As cifras não chegam nem perto do prejuízo do presente – e nem das perdas projetadas após o fim das empresas. O impasse estica o sofrimento por tempo indeterminado.

Quem não tem do que reclamar é o prefeito da capital. Em julho do ano passado, ele fechou um acordo com a Braskem – e a prefeitura recebeu um trocado de 1,7 bilhão de reais. É dinheiro que não acaba mais. Arranjado de forma fulminante, o negócio prima pelo exotismo. Não por acaso, o acerto de cavalheiros entre as partes foi bater no STF. Em janeiro, a ministra Carmen Lúcia deu 30 dias para o prefeito se manifestar.

Não há notícia do andamento da ação. Também em janeiro, o portal O Antagonista publicou uma notícia reveladora sobre o caso, com o seguinte título: “Grupo de JHC tenta ‘virar a página’ do caso Braskem em Maceió”. O texto explica que, para emplacar a jogada, o prefeito “conta com o apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira, e do ex-presidente Bolsonaro”. Do jeito que vão as coisas, a Operação Abafa deu certo.

João Henrique Caldas quer tratar a tragédia como “página virada” porque teme os efeitos de um escândalo no meio da campanha eleitoral. Pode estar tudo nos conformes no acordão bilionário? Pode. Mas por que essa mobilização envolvendo até Lira e Bolsonaro para varrer o assunto? Se a CPI não ouvirá JHC, que ele conte tudo de forma voluntária. É direito da sociedade saber a verdade – e obrigação do prefeito agir com transparência.

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