Foi preciso que parte do prédio viesse abaixo para que alguma autoridade pintasse no local. O dono do imóvel onde funcionou um hotel disse à imprensa que procurou a prefeitura, mais de uma vez, para solicitar a demolição. Aquilo estava abandonado havia mais de décadas. Ao lado do riacho Salgadinho, e às margens da praia da Avenida, a construção foi caindo aos poucos, até começar a desmoronar por completo.

Finalmente, chefias da Defesa Civil e de uma secretaria municipal apareceram quando o estrago não tinha mais remédio. A negligência poderia ter provocado um acidente com vítimas. Ainda bem que a sorte ajudou o poder público. Restou à prefeitura demolir o que sobrava de paredes, vigas e pilastras. O que se viu ali é um retrato de um problema muito maior, espalhado em bairros de diferentes áreas de Maceió.

O Ministério Público Estadual cobra do município uma ação para resolver o caso dos imóveis abandonados na capital alagoana. No ano passado, representantes da prefeitura prometeram apresentar um levantamento completo e medidas imediatas. Ficou na promessa, nada foi feito até agora. A maioria dos prédios, públicos ou particulares, pode ser recuperada para servir à população. Seria o ideal a fazer.

Basta uma caminhada pelo centro da cidade para se constatar o tamanho da encrenca. Tem de tudo. Casas, casarões, antigas lojas e locais que abrigaram repartições públicas estão em cada quarteirão. Poderiam se transformar em unidades de saúde, espaços educativos e pontos de lazer, entre outras finalidades. É o que pretende o governo federal, com um projeto anunciado em fevereiro pelo presidente Lula.          

O Ministério da Gestão e da Inovação já mapeou cerca de 500 imóveis da União que devem ser destinados a projetos de moradia popular – quando isso se mostrar viável. Outros prédios servirão como ambientes de cultura e assistência social, além de centros médicos ou de educação. O abandono de construções é visto no país inteiro. Por aqui, há séculos Maceió convive com os prédios-fantasmas. Passou da hora de uma solução.