O senador Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas, aparece na propaganda do partido na TV falando de combate à violência. Na verdade, o texto bombardeia o eleitorado com a palavra segurança. O homem fala em “segurança jurídica”, “segurança alimentar” e outros campos da mesma ideia – martelando que o brasileiro está à beira do abismo. Socorro! O que poderá salvar o país das garras da bandidagem generalizada?

O partido de Ciro Nogueira e Arthur Lira. Os outros partidos da oposição também. O discurso do fim do mundo virou o centro de todas as legendas associadas à extrema direita e ao bolsonarismo. A prioridade nesse tema é tanta que o PP mudou de slogan – o novo é “Brasil do futuro é Brasil seguro”. Ver o senador do Piauí montado na palavra de ordem como paladino da paz parece miragem. A aposta mobiliza meio mundo. 

Em mais uma entrevista com recados para as viúvas de Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, trouxe à pauta a defesa da pena de morte. Incrível como a politicalha é grotescamente previsível. A estratégia de promover o pânico foi adotada como sendo uma arma de letalidade máxima. Se tiver chacina, tá ótimo.

Com uma tara em campos de concentração para pretos e pobres, políticos brasileiros invadem El Salvador. Foram aprender as lições de Nayib Bukele, o varão que derrete os xerifões do parlamento brasileiro. Os métodos medievais do mais novo ditador seduzem também aqueles governadores que esperam a bênção do Jair Messias.

A turma da ultradireita já estava nessa fazia tempo. A operação que resultou em mais de 120 mortes no Rio de Janeiro vitaminou a obsessão por corpos “neutralizados”. O governador Cláudio Castro acredita que escapou do fundo do buraco diretamente para uma eleição garantida ao Senado. “Vai ter operação todo dia”, se anima.

Guilherme Derrite deixou o cargo de secretário de Segurança, voltou à Câmara dos deputados e também ataca um mandato de senador. Quando a bala explode os miolos de mais um, essas candidaturas ganham musculatura. A matança é o anabolizante dos marombados da política justiceira. É a mesma lógica de Bolsonaro e armas para todos.

Segurança pública é dos temas óbvios em campanha eleitoral desde os primórdios de nossa espécie. Como se nota, não exatamente por boas razões, celerados querem “debater” o problema. Com o mesmo nível de ignorância e má-fé, apresentam falsidades e soluções tão fáceis quanto inexistentes. Será a maior guerra de narrativas da eleição.