Bolsonaro e sua turma estão pulando carnaval fora de época. Agem como se tivessem encontrado a bala de prata contra Alexandre de Moraes. Pelas redes sociais, tratam a espuma de Elon Musk como algo decisivo para emparedar Xandão e o STF. O último lance foi o relatório de deputados americanos com decisões do ministro determinando a suspensão de contas no X. Fábio Costa e Leonardo Dias não falam de outra coisa. E daí?

Para os patriotas, o relatório provaria atos ilegais do integrante do Supremo. Os aliados dos bolsonaristas nos Estados Unidos representam a escória da extrema direita por lá. Defendem a liberdade de expressão no tal relatório, mas nada falam dos crimes dos golpistas do lado de cá. E foram esses crimes que levaram a decisões do STF. Tudo sob os parâmetros da legislação. O 8 de janeiro de 2023 foi a explosão da bandalheira.   

Além disso, “denunciam a censura” a que o X estaria sendo submetido pela Justiça brasileira, mas escondem a hipocrisia: Musk cumpre ordens de censura (sem aspas) em regimes autoritários sem reclamar. Nesses casos, o interesse financeiro do oligarca digital faz dele um aliado obediente. Na China e na Rússia, sua rede social foi banida. Do mesmo modo, ele não critica porque tem mais negócios bilionários por aquelas bandas.

Volto ao começo. E daí? Bolsonaristas acham mesmo que toda essa micareta é barulhenta o suficiente para mudar a situação do inelegível? É terraplanismo na veia. Tentam dar seriedade às ações do plutocrata sem escrúpulos, de credibilidade zero. A única “qualidade moral” do sujeito é a conta bancária. Mesmo que isso seduza multidões – de todas as ideologias – ainda não chegamos ao estado terminal.

No próximo domingo, o ex-presidente e apoiadores repetem a dose da Avenida Paulista, agora no Rio de Janeiro. A mobilização tem o único objetivo de jogar a manada contra o STF e demais instituições. Não vai dar certo para eles. Arrisco dizer que é uma estratégia suicida. Se o golpista acha que têm uma bala de prata, aponta o gatilho contra o próprio pé. Bolsonaro produz mais provas para sua condenação. A cadeia fica mais perto.