Eleições em Maceió: depois de chegarem ao topo, eles retornam à várzea e começam de novo

04/04/2024 16:35 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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Eles estiveram no topo durante vários anos e, como poucos, experimentaram tudo o que isso pode proporcionar. Davam ordens a uma multidão de subordinados, decidiam o destino de verbas públicas e usufruíam de privilégios que os mortais comuns jamais conhecerão. Além disso, eram bajulados por aspirantes a variados cargos disputados a tapas na máquina estatal. Mais ainda, conquistaram amigos de infância sobre os quais nunca ouviram falar na vida. Lá em cima, foram admirados e temidos. Até que, no meio do caminho, um conjunto de fatores mudou o jogo.

Com as devidas ressalvas quanto às particularidades de cada caso, esse tranco do destino alcançou nomes como Fernando Collor, Moacir Andrade, Kátia Born, Ronaldo Lessa, Cícero Almeida, Geraldo Bulhões, Manoel Gomes de Barros, Téo Vilela, Rui Palmeira (foto). Cito de memória políticos que, nas últimas décadas, exerceram os cargos de governador de Alagoas ou comandaram a prefeitura de Maceió. Lessa é o único que ocupou as duas cadeiras, sendo mandachuva na capital e no estado.

Condenado pelo STF, Collor está sem mandato e com direitos políticos cassados. Andrade, Vilela e Gomes de Barros estão fora das disputas eleitorais, cuidando de suas empresas. GB tentou o Senado na eleição de 2002, mas não chegou nem perto. Morreu em 2019 aos 81 anos. Kátia Born foi secretária na prefeitura de Rio Largo e hoje está no secretariado do governador Paulo Dantas.

Não tenho certeza, mas Ronaldo Lessa deve ser um caso inédito na política brasileira. Depois de ser prefeito e governador, virou vice na prefeitura de JHC e hoje é vice no governo estadual. Em seus melhores sonhos, assume a cadeira de Paulo Dantas em 2026 e, no comando da máquina, disputa a reeleição. Para isso, Dantas teria de renunciar para concorrer a uma cadeira no parlamento. Especulações.

E finalmente Cícero Almeida e Rui Palmeira, os dois ex-prefeitos de Maceió que antecederam o atual instagramável JHC. Pelo que está desenhado, ambos vão tentar um mandato na vereança da capital. Representam, mais do que qualquer outro dos citados, a lenda milenar inscrita na máxima “começar de novo”. Se vitoriosos, revisitam a várzea onde tudo começou, sonhando com os tempos gloriosos da primeira divisão. Para subir de novo, partem do zero, agora com a experiência de quem sabe das armadilhas que o destino não hesita em aprontar.

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