Aline Marta Maia, atriz alagoana, brilha nas telas do cinema brasileiro

28/04/2024 00:41 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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O cinema brasileiro vai muito bem, obrigado. Suspeito que a atual safra de produções apresenta uma diversidade de nomes e estilos como nunca houve nas telas nacionais. Não chamo de mais uma “retomada”, como se tornou comum em avaliações sobre períodos anteriores. Nas duas últimas décadas, Pernambuco se consolidou como uma usina de filmes que alcançaram impacto dentro e fora do Brasil. Mas não para por aí.

A revolução a se festejar é a quebra do monopólio de Rio e São Paulo como centros de criação. Minas, Brasília, Ceará, Bahia, Pará, Espírito Santo e outros estados viram o surgimento de produtoras alternativas. O resultado é a pluralidade nos temas e diferentes modos de investigação da linguagem. Nas histórias, um Brasil pulsante, nas metrópoles e povoados, do Litoral, do Sertão e do Cerrado, em casa e na estrada.

Diretamente do Acre, Noites Alienígenas, do diretor Sérgio de Carvalho, é um marco. Não dá para citar todos os cineastas e filmes surgidos nos últimos anos. Aqui vai um resumo do resumo de obras que considero grandes realizações: Mirador, Arábia, Marte Um, Temporada, Mato Seco em Chamas, Paloma, Divino Amor, A Morte Habita à Noite, A Mesma Parte de um Homem, Na Quinta Ela Volta, Querência, Fogaréu, Pela Janela.

Mais alguns títulos: Carro Rei, Desterro, Café com Canela, Madalena, O Barco, Propriedade, Como é Cruel Viver Assim, Pacarret, Fortaleza Hotel, Canastra Suja, O Homem Cordial, Deslembro. Estes e outros filmes brasileiros passam em festivais, mas não chegam ao grande público – o eterno problema. São obras de arte de alto nível, cinema pra valer, ao contrário das baboseiras que dominam as maiores salas do país.

Nesse panorama, as mulheres se destacam. Uma das cineastas mais importantes é Carolina Markowicz. E é em dois filmes da diretora – Carvão e Pedágio – que a alagoana Aline Marta Maia mostra seu talento ao mundo. Pelos dois trabalhos, ela conquistou o prêmio de melhor atriz coadjuvante no Festival do Rio, um dos maiores reconhecimentos que atores e atrizes podem receber. Em papéis distintos, atuações vigorosas. 

Em Carvão (foto), ambientado no interior do país, Aline é uma enfermeira nada convencional, que ganha a vida de modo estranho – para dizer o mínimo. Em Pedágio, faz uma operária que ajuda a amiga a resolver o “problema” do filho. Aqui, ela exibe sua técnica para compor uma personagem que se move entre o afeto, o cinismo e a hipocrisia. Nos dois filmes, contracena com Maeve Jinkings, numa química total.

Aline também está em Curral, sobre o qual já escrevi no blog, e em Casa de Antiguidades, protagonizado pelo gigante Antonio Pitanga. Ela atuou ainda em filmes de dois diretores alagoanos – Serial Kelly, de René Guerra, e o curta A Barca, de Nilton Resende. E vem mais. Com um convite atrás do outro, a atriz estará nas telas em Sangue do Meu Sangue, da diretora Rafaela Camelo. As filmagens ocorreram no ano passado.

Aline Marta Maia tem história. A arte faz parte de sua vida desde os psicodélicos anos de 1970. No princípio, era o teatro. Em Maceió, quando tudo começou, ela ainda era uma garotinha esperando o ônibus da escola. É uma maravilha que o aplauso e os prêmios venham agora, quando o cinema do Brasil alcança um patamar sem precedentes. Os filmes citados aqui, e muitos mais, atestam a potência de artistas brasileiros.

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