“Silencioso e com evolução lenta”: especialistas orientam sobre sinais de alerta do câncer de colo de útero

24/03/2024 08:05 - Especiais
Por Laura Albuquerque e Laura Gomes*
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A campanha Março Lilás ganha destaque durante todo este mês, ressaltando a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do Câncer de Colo de Útero. Essa iniciativa busca, por meio da disseminação de informações e do apoio da sociedade, salvar vidas e promover a saúde das mulheres brasileiras.
 

Somente em Alagoas, foram registrados mais de 300 novos casos de diagnóstico de câncer de Colo do Útero, no ano passado, sendo 130 deles apenas em Maceió, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
 

Pensando nisso, o CadaMinuto conversou com a oncologista Amanda Lima e com a ginecologista e obstetra, Carolina Carmo, que explicaram o que é a doença e a importância do diagnóstico precoce.

 

Vírus HPV: Da contaminação ao diagnóstico do Câncer
 

O câncer do colo do útero continua sendo uma ameaça significativa à saúde das mulheres, principalmente devido à infecção prolongada por certos tipos de HPV, segundo informações do INCA. Em entrevista ao portal, a oncologista Amanda Lima explica o que é o câncer de colo uterino, quais são suas características e principais pacientes que ele afeta.

"A infecção pelo HPV muitas vezes não apresenta sintomas imediatos, mas pode desencadear alterações celulares que aumentam o risco de desenvolvimento do câncer do colo do útero", explica a doutora . Além disso, ela enfatiza que é possível identificar lesões pré-cancerosas por meio do exame preventivo, o Papanicolau, ou por citologia.

De acordo com a oncologista, a faixa etária de mulheres que são diagnosticadas com câncer de Colo de Útero são mulheres entre 24 e 64 anos e as que são sexualmente ativas. Desse modo, ela recomenda que essas mulheres façam regularmente os exames preventivos. "A prevenção é essencial e pode ser alcançada através do uso de preservativos durante as relações sexuais, vacinação contra o HPV e acompanhamento médico frequente", afirma ela.

Sobre o tratamento, Amanda destaca a importância da avaliação individualizada. "O tratamento varia de acordo com o estágio da doença, tamanho do tumor e características da paciente", concluiu.

A profissional de saúde finaliza afirmando que cirurgia, radioterapia, quimioterapia e imunoterapia estão entre as opções disponíveis, mas a escolha depende de uma análise minuciosa por parte do médico.

Amanda Lima, oncologista

 

Precisamos combater a doença através das consultas e exames regulares”
 

Ao CadaMinuto, a ginecologista e obstetra Carolina Carmo esclarece quais os principais fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento do câncer de Colo de Útero. Ela chama atenção para a importância do diagnóstico precoce, com o objetivo de aumentar as chances de cura, e explica quais os sintomas que devem acender um sinal de alerta nas mulheres.
 

A médica afirma que o câncer de Colo de Útero é silencioso e tem uma evolução lenta. “Geralmente só provoca sintomas em estágios avançados, mas sangramento durante a relação sexual, sangramento vaginal irregular e dor abdominal podem ser sintomas apresentados pela mulher”.

 

Segundo a ginecologista, o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença é a infecção persistente pelo HPV com o subtipo que realmente leva ao câncer. No entanto, ela afirma que também existem outros fatores como múltiplas gestações, início precoce da vida sexual, múltiplos parceiros, imunodeficiência e tabagismo.
 

A obstetra destaca que o protocolo para diagnóstico do câncer é feito por meio da coleta da Colpocitologia Oncótica, conhecido como Papanicolau. “Com base no exame físico durante a coleta do exame e no resultado do Papanicolau, será indicado a Colposcopia com biópsia para confirmação da lesão cancerígena”.
 

“É preciso salientar que a maior parte das pacientes com diagnóstico de HPV não evoluirão para câncer, mas precisarão ser acompanhadas e tratadas”, alega a doutora.
 

Carolina explica que, se confirmado o diagnóstico, a escolha da opção de tratamento vai depender do estágio da doença e da vontade da paciente de ainda ser mãe. “O tratamento pode ser através de cirurgia, radioterapia, quimioterapia e terapia alvo. Elas podem ser indicadas isoladamente ou combinadas”.
 

De acordo com a ginecologista, a vacinação contra o HPV pode ajudar na prevenção do câncer de Colo de Útero. A médica reforça que a vacina, que confere proteção para o subtipo 4, é disponibilizada na rede pública e é recomendada para meninas e meninos entre 9 e 14 anos. Já a disponível na rede privada, contempla a proteção contra os nove subtipos existentes.
 

“A conscientização sobre a vacinação, principalmente das crianças e adolescentes, é de suma importância, uma vez que criamos imunidade contra os principais subtipos que levam ao câncer, antes do início da vida sexual e de ter contato com o vírus. Mesmo após o início da vida sexual, a vacina também é recomendada”, pontua.

 

Por fim, a médica alerta sobre a necessidade do diagnóstico precoce para maximizar as chances de cura. “Por ser uma doença sem sintomas em fases iniciais e com progressão lenta, precisamos combatê-la através das consultas e exames regulares”.

 

 Carolina Carmo, ginecologista e obstetra


 

*Estagiárias sob supervisão da editoria


 


 


 


 


 

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