Da infância à velhice: a importância dos cuidados com a voz

14/04/2024 08:00 - Especiais
Por Leonardo Leão e Lucas Roberto*
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No próximo dia 16 de abril, será celebrado o Dia Mundial da Voz, ou seja, um dia especial de conscientização sobre a importância da voz e dos cuidados que devemos ter para mantê-la saudável. A data é comemorada no Brasil desde 2003.

A voz é uma marca de identidade pessoal, tal como os traços do rosto e impressões digitais. Cada pessoa tem uma voz única. Além disso, a voz também faz parte da nossa personalidade e é um sinal de saúde física e mental. Alguém que fará um discurso para um público numeroso e tem a voz trêmula, pode sugerir que ela está ansiosa ou envergonhada. Por outro lado, alguém que possui boa dicção, voz impostada e firme, podemos pensar que ela está bem segura sobre o assunto a ser falado. É verdade que estas relações não são completamente diretamente proporcionais, porém é o que nos ensinam as experiências diárias e o senso comum.  

O certo é que toda a nossa qualidade de vida e estado geral de saúde passa pela qualidade e saúde vocal. A voz é a nossa companheira do início ao fim da vida, da vida infantil ao envelhecimento. Por este motivo, da mesma forma que procuramos as academias de ginástica para exercitar os músculos esqueléticos, precisamos também buscar maneiras de exercitar, cuidar e manter nossa voz saudável durante toda a vida, especialmente no período da velhice, momento ao qual estaremos mais frágeis e suscetíveis às doenças.

Os motivos das alterações e doenças vocais muitas vezes têm a ver com o uso inadequado da voz: falar em volumes altos por longos períodos, hábito de gritar, exercer profissão que explore de forma demasiada as pregas vocais e, também, hábitos não saudáveis, como o tabagismo.

Por estes motivos, o CadaMinuto entrevistou a Professora Drª Edna Morais, fonoaudióloga e Professora Titular do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - Uncisal. Sobre o envelhecimento da voz e quais cuidados devemos ter durante a vida, ela respondeu: “Sim, a voz também envelhece! Esse processo de envelhecimento da voz é chamado de presbifonia. Ele envolve o envelhecimento de toda a musculatura relacionada à produção vocal.  Dessa forma, a voz começa a perder força.”, disse a professora.

Drª Edna Morais, fonoaudióloga e professora. Foto: Cortesia

A fonoaudióloga também disse que nem todas as pessoas são atingidas da mesma forma, dependerá de fatores biológicos e comportamentais. “Existem aquelas pessoas que mantêm uma voz livre de alteração por um bom tempo, mesmo entrando no período da senescência, que começa, em média, a partir dos 60 anos. Então, o processo de envelhecimento vocal depende de condições biológicas, individuais e da saúde geral e dos hábitos ao longo da vida.”, destacou.

Ao perguntar como podemos manter uma voz saudável e evitar doenças da voz durante a velhice, a especialista responde que é necessária uma vida com hábitos saudáveis no geral, mas também de exercício vocal. “Uma vida mais saudável significa também uma voz mais saudável. Portanto, manter-se ativo fisicamente, manter os hábitos de vida saudáveis, participar de atividades que envolvam o uso da voz, como, por exemplo, participar de coral (grupo de canto) com orientação profissional e praticar alguns exercícios vocais gerenciados por fonoaudiólogos podem ajudar a manter uma voz saudável durante o processo de envelhecimento.”, disse a especialista.

Outro aspecto muito importante para o conhecimento da sociedade é identificar os sinais e sintomas de problemas vocais, por isso a professora Edna alerta: “Quando falamos de presbifonia e de envelhecimento vocal, os principais sinais e sintomas correspondem a uma voz mais fraca, uma voz mais soprosa, ou seja, com muito ar, a pessoa tem mais ar na voz do que som. Assim, a voz começa a apresentar uma instabilidade, ou seja, um pouco mais trêmula e, também, a clássica presença de uma rouquidão que permanece por um bom período e que não desaparece após o período de repouso ou de descanso vocal. Para a população em geral, é importante estar atento a qualquer rouquidão que dure por mais de 15 dias.”

Ela continua: “Qualquer alteração na voz que venha modificar aquele seu padrão dito de normalidade, de qualidade vocal, será um sinal importante para procurar um médico otorrinolaringologista para fazer uma investigação e avaliação da laringe e diagnosticar se existe lesão ou alteração que esteja causando esse comprometimento.”

A professora Edna, que faz parte do corpo docente da Uncisal, também relatou que a Universidade tem projetos de atendimento para todos os alagoanos que precisam de tratamentos relacionados à voz. “A Uncisal oferece serviço de cuidados para voz por meio da assistência fonoaudiológica realizada no Centro Especializado de Reabilitação 3 - CER3 -  da Uncisal, localizado no prédio sede, em frente ao Hospital Escola Helvio Auto. Então, qualquer pessoa que precise de um acompanhamento ou tratamento fonoaudiológico, pode se dirigir até a secretaria do CER3 portando encaminhamento médico e documentos pessoais: RG, cartão do SUS e comprovante de residência. No Centro, a pessoa poderá agendar uma triagem, ser incluída na lista de pacientes e, posteriormente, ser chamada para o tratamento.”, salientou.

*Estagiários sob supervisão da editoria.

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