Xeque-mate: o tabuleiro político da esquerda alagoana

07/03/2024 14:49 - Blog do Ale Bastos
Por redação
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No estado de Alagoas, a esquerda enfrenta um desafio monumental: sua notável ausência no cenário político atual. Enquanto as oligarquias locais ditam os rumos do debate, a esquerda permanece em silêncio, incapaz ou relutante em desafiar as estruturas de poder estabelecidas. 

As observações do filósofo Vladimir Safatle sobre o declínio da esquerda a nível nacional ecoam em Alagoas. No entanto, neste texto, focaremos no último suspiro da esquerda alagoana, que parece ter se afundado por sua própria inércia. 

A esquerda alagoana enfrenta dificuldades de criar uma agenda unificada dentro de seu próprio campo. Ao invés de se concentrar em questões relevantes para a população, envolve-se em disputas internas e destaca diferenças que pouco ressoam com o eleitorado. 

O vácuo político existente é gigantesco e não parece haver possibilidade de união em busca de uma alternativa política. Alguns partidos seguem alinhados ao projeto político do Governo de Alagoas, evidenciando a falta de identidade própria e protagonismo. Eles agem de forma burocrática, controlando a máquina partidária com mandatos limitados e ocupando cargos secundários na administração pública. 

Não é surpreendente que, em diversas ocasiões, inclusive em entrevistas recentes, PT e PC do B sejam vistos como meros apêndices do MDB, desempenhando apenas o papel de obedecer e seguir seus interesses.
É inegável que a esquerda encontra-se em um estado de letargia, incapaz de cumprir seu papel educativo e de oposição aos governos e às elites dominantes. Esta situação é ainda mais preocupante diante do controle contínuo do Estado por parte de certos grupos econômicos, que têm sufocado qualquer tentativa de renovação ou resistência. 

A falta de renovação dos quadros políticos é evidente, já que os mesmos nomes continuam ocupando posições de controle. Isso resulta em uma perda gradual de força, credibilidade e capacidade de estabelecer conexões com a população. Entre os partidos de esquerda em Alagoas, apenas o PT ainda possui representatividade com mandatos, incluindo um Deputado Federal, Paulão, um Estadual, Ronaldo Medeiros, e um tímido e discreto vereador na capital, Dr. Valmir de Melo. 

No entanto, mesmo dentro do mesmo partido, há divergências e perfis de atuação totalmente distintos entre esses parlamentares, o que resulta em divergências públicas que às vezes se assemelham a embates entre adversários, em vez de membros de uma mesma agremiação política e ideológica. 

Uma autocrítica profunda se faz necessária por parte dessa esquerda. É preciso resgatar sua voz e identidade política, reassumindo seu papel como uma força capaz de desafiar as estruturas de poder estabelecidas. Caso contrário, corre-se o risco de sua diluição no cenário político de Alagoas. 

Neste tabuleiro de xadrez político, as peças de esquerda se destacam como meros peões, enquanto as peças-chave, pretas ou brancas, são manipuladas por Renan Calheiros e Arthur Lira, exercendo um controle poderoso e estratégico sobre o jogo.

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