Do jeito que as coisas vão, daqui a pouco Luiz Inácio Lula da Silva será aclamado presidente da República. Antes mesmo das urnas. E não é a velha esquerda que está fazendo esse carnaval. É Merval Pereira, nas páginas e telas do jornal O Globo. Um dos porta-vozes do antipetismo, imortal da ABL, homem de confiança da família Marinho, diz com todas as letras e nenhuma vírgula: “Tudo parece se encaminhar para uma vitória do ex-presidente Lula na eleição de outubro”.

O colunista afirma ainda que não será surpresa a eventual desistência de Bolsonaro, diante da “derrota certa”. Merval Pereira vislumbra um Bolsonaro na cadeia. Derrotado nas urnas e sem mandato, o sujeito perderia o abrigo do foro especial. Com esse temor atanazando sua cabeça, o presidente pode tentar a eleição para o Senado.

Agora o ministro do STF Luís Roberto Barroso aparece falando sobre o impeachment da presidente Dilma – e ajuda a “narrativa” do golpe. Embora ele diga que tudo seguiu a Constituição, diz ter certeza que não foram as “pedaladas fiscais” que a derrubaram. Ela caiu por “falta de sustentação política”, acrescenta o ministro. A manifestação de Barroso, sem dúvida, fortalece o projeto Lula. 

Está em mais de um veículo, em mais de uma reportagem, em articulistas de diferentes tendências: o “mercado”, essa entidade fantasmagórica onipresente, já torce pela vitória de Lula. O “comunista radical” é visto como fator de tranquilidade total para negócios, parcerias e investimentos. O grande capital, no caso brasileiro, tem medo é da extrema-direita.

Para mudar esse panorama, só mesmo com uma bomba – ou “o inesperado”, nas palavras pouco sutis do colunista do Globo. Até agora, não há sinais de nada parecido com isso daí. Como diziam os mestres do futebol das antigas, nesse ritmo e com os adversários em campo, se Lula jogar parado, ganha o jogo. Claro, tudo isso é hoje. Amanhã, quem sabe?