A política dos xerifões e justiceiros

11/11/2021 12:30 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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O ex-juiz Sergio Moro é especialmente reverenciado por um segmento que trata a política como arma de destruição. O que o ex-ministro de Bolsonaro propõe para melhorar a vida dos brasileiros? Cadeia pra todo mundo, moralismo rasteiro, “excludente de ilicitude” e vai por aí. O tal “excludente” não passava de licença para matar, carta branca para a polícia, que Moro tentou emplacar no Ministério da Justiça, com um bizarro projeto “anticrime”. 

As ideias do celerado felizmente ficaram pelos descaminhos da gestão Bolsonaro. Aliás, vejam como os dois combinam, com leve mudança apenas de tom e no corte da roupa. A ideia fixa de ambos, resumindo tudo, é metralhar quem pensar diferente – seja “petralhada”, seja “globalista”.

A atração pela força, pelo grito e pela truculência é um mal que nos acompanha desde sempre. Na política, a coisa não acaba nunca. Na campanha eleitoral do ano passado, um dos candidatos a prefeito de Maceió teve como slogan a expressão “pulso firme”. O que diabos seria isso? E olhe que esse está longe de ser o pior exemplo de tal filosofia de vida, digamos assim.

A onda Bolsonaro trouxe um arrastão de xerifões e justiceiros para o mundo da política partidária. Esses tipos grotescos (e perigosos) sempre existiram, mas, com o capitão da tortura como incentivador, o fenômeno atingiu seu ponto mais doentio. 

A maioria desses sujeitos veio das carreiras policiais. De soldado a general, de agente a delegado, a horda infesta o país inteiro. Não é por acaso que o miliciano do Planalto vive a bajular esse segmento, a ponto de delirar com uma tropa armada para lhe garantir uma aventura golpista.

Mas a aptidão para a política da morte não é exclusividade de militares e policiais civis e federais que entram no jogo partidário. Juiz, promotor, advogado e outras espécies também se lançam como postulantes ao cargo de exterminador-geral da República.

Em Alagoas, a repugnante celebração da selvageria como arma política está longe de passar. Basta ver certas figuras que ostentam mandato na vereança e no parlamento estadual. Nas redes sociais, tudo que defendem passa pelo cano de uma pistola e pelo calibre de um revólver. São, por assim dizer, viúvas dos tempos do coronel Amaral, saudosistas dos grupos de extermínio que tanto agiram por aqui.

É por tudo isso que Sergio Moro é adorado por essa gentalha. O juizinho que corrompeu a Justiça ostenta os mesmos valores dos que pregam a extinção de adversários. De preferência como queria Bolsonaro: na base da metralhadora.

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