O Bolsa Família de Bolsonaro e a eleição

20/10/2021 11:01 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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Jair Bolsonaro se cansou de esculhambar o Bolsa Família. Em entrevistas ou em pronunciamentos no Congresso, sempre classificou o benefício como “esmola”. Segundo essa liderança da direita brasileira, ao criar o programa, o governo Lula teria comprado o eleitor. Grana direto no bolso em troca do voto. Os seguidores do miliciano da política repetiam a mesma delinquência até um dia desses. Mas hoje tudo mudou. O governo federal aposta numa novidade que, em outros tempos, deixaria os liberais à beira do colapso mental.

Novos tempos, porém. O pior presidente de nossa história anuncia o Auxílio Brasil, no valor de 400 reais, para turbinar justamente o Bolsa Família. A troca do nome fantasia serve para amarrar a iniciativa ao projeto de reeleição. Que o povo precisa, isso é líquido e certo. Ninguém deveria ser contra. Mas nunca houve uma jogada tão descaradamente eleitoreira quanto a decisão de Bolsonaro.

Desesperado diante da queda de popularidade, o amigão das milícias joga o que pode, do jeito que for, para ter alguma chance nas urnas de 2022. Ele é rejeitado por incríveis 59% do eleitorado, segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada em setembro. Com esse índice, é virtualmente impossível uma vitória na eleição para qualquer candidato.

O que resta então para o governo dos liberais conservadores, adeptos do Estado mínimo e da meritocracia? Resta a receita adotada pelos adversários, pelo campo ideológico oposto ao de Jair e sua seita de celerados. Como fica Paulo Guedes, aquele que despreza empregadas domésticas e prometia arrecadar cifras bilionárias com um megaprojeto de privatizações? Difícil saber o que é mais cômico e onde começa o trágico.

Se em 2019 alguém pedisse ao ministro da Economia uma opinião sobre um programa como Auxílio Brasil, ele faria piada e saltaria com dezenas de argumentos para fuzilar a ideia. Porque é tudo o que ele sempre combateu a vida inteira, na academia e no mercado financeiro. 

Desmoralizado há um bom tempo, Guedes, o “gênio” que iria enquadrar o capitão da tortura, virou só um ministro como outro qualquer: irrelevante e lambe-botas, agarrado ao poder com o afinco de um parasita. Assim como os demais colegas de ministério, o titular da Economia também só pensa no mercado de votos para o chefe.

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