“As semelhanças entre o Talibã e o Brasil.” Cabul é aqui.

16/08/2021 18:11 - Trabalho do Carvalho
Por redação
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Sem dúvidas, há um abismo entre Cabul e Brasília. Entretanto, é importante destacar o que acontece quando uma democracia acaba, bem como os pontos convergentes entre a milícia fundamentalista do Talibã e as brasileiras.

“Lugar de mulher”: Se o Talibã despreza a mulher, por aqui somos um país onde as mulheres ganham bem menos que os homens. Há uma terrível violência que persiste em espancar e matar as mulheres no Brasil. Milhares de jovens Malalas brasileiras estão longe da educação básica e do ensino superior.

“Deus acima de tudo”: Nada do que é Talibã se afasta da interpretação radical das premissas religiosas. Por aqui, o Estado laico sofre barbaridades e, a cada dia, política e religião estão se misturado. Não se esconde o interesse em representar “terrivelmente” o pensamento de determinada religião nas instituições democráticas.

“Esvaziamento das instituições”: O Talibã despreza as instituições democráticas e a possibilidade de representação de interesses divergentes. Por aqui, vemos o enfraquecimento diário das instituições de Estado. No campo do trabalho, é evidente o esvaziamento da legislação protetiva do trabalho e da tutela estatal nas relações entre trabalhadores e empregadores. No plano democrático, é preocupante a escalada de violência que prega a invasão dos tribunais, depredação do serviço público e atentam contra a integridade física daqueles que tem por missão defender o Estado democrático de direito.

“Financiamento das milícias”: Se o Talibã se financia com atividades ilícitas, como tráfico drogas, extorsão e cobrança de impostos de fazendeiros de papoula, por aqui no Brasil, as milicias se mantém economicamente pelos mesmos meios, em especial nas extorsões para todo o tipo de prestação de serviço, da venda do botijão de gás ao das drogas ilícitas, do provedor pirata de internet e TV ao trabalho por plataformas. 

“Armas”: Não há espaço para petições, habeas corpus, ampla defesa, contraditório e debates acadêmicos. O poder das milícias afegã e brasileira está no livre acesso a armamentos. Tudo é pela força.

Das cenas mais chocantes da tomada da capital do Afeganistão, destacam-se aquelas que retratam o desespero de milhares que tentam fugir de um país onde não haverá tolerância para quem pensa e age de forma diferente do poder da milícia Talibã. Espera-se, sinceramente, que a escalada do arbítrio, da violência, da ignorância e do retrocesso que vivemos diariamente, a olhos vistos, não coloque brasileiros na mesma situação. 

Espera-se que estejamos bem longe, não só geograficamente, do Afeganistão.

Em tempo: Será que o Talibã é contra a vacina?

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