“Footloose Alagoas” É proibido dançar e escutar música ao vivo

25/12/2020 16:50 - Trabalho do Carvalho
Por redação
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Recém-chegado da cidade grande, jovem rebelde mergulha em frustração quando descobre que o pequeno Estado proíbe a dança e a música ao vivo. Enquanto se esforça para se ajustar, nosso protagonista enfrenta uma árdua batalha para mudar a situação e tentar transformar aquele local tão conservador. Mas as autoridades serão um obstáculo.

O enredo do filme “Footloose - Ritmo Louco” mostra-se atualíssimo, com contornos tropicais, considerando a recente decisão do Governo do Estado em proibir a música ao vivo em bares e restaurantes durante as festas de fim de ano.

Ao invés de impor medidas restritivas para os estabelecimentos comerciais, representados por robustos sindicatos patronais, associações e lobistas, preferiu o poder público dar uma pancada violenta na classe artística em geral, especialmente nos trabalhadores que vivem da música.

Para os patrões, donos dos estabelecimentos que já aglomeram os clientes nas filas de suas portas, a singela limitação de funcionar entre as 6 (seis) horas da manhã até as 0 (zero) horas do dia subsequente não restringe em nada o contágio da COVID no Estado que, do jeito que está, caminha a passos largos para o fatídico record de 19 (dezenove) mortes diárias. Em verdade, a suposta limitação de horários só atinge aquele cliente mais empolgado e aquele bebum do final da festa que pede para tocar Raul na saideira.

Será que foi pensando nisso que o Governo proibiu música ao vivo no período das festas de fim de ano em Alagoas? Talvez, porque sinceramente não vejo outra resposta, exceto se acreditarmos que o vírus tem jornada de trabalho fixa, praticamente um trabalhador de carteira assinada. E, além disso, odiar música de playlist.

Imaginar um vírus que tem direito trabalhista poderia ser um excelente roteiro de filme, talvez de ficção científica ou uma comédia besteirol. Quem sabe? Tenho certeza que seria um filme bem mais leve do que o verdadeiro drama dos trabalhadores informais que vivem da música, completamente alijados de direitos laborais e previdenciários, que foram estigmatizados pelo governo do Estado.

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