A CPI da covid, que busca apurar ações e omissões do governo federal durante esse período da pandemia, não acabou e tem um longo caminho pela frente. Pode-se dizer que a CPI é um dos assuntos mais comentados entre as pessoas nas redes sociais e fora delas. Ao Cada Minuto, dois cientistas políticos analisaram como está sendo a CPI e se ela pode influenciar nas eleições do próximo ano.
O cientista político Ranulfo Paranhos disse que na avaliação dele a CPI tem mostrado que politicamente o Governo fez escolhas por nomes fiéis não ao Governo, nem à função de que esses secretários e ministros ocupavam, mas sim, fiéis à figura do presidente.
“Então você tem aí um viés muito mais pessoal do que inconstitucional. É tanto que quando você muda o depoente, quando você vai ali para um Mandetta, para um Teich que nunca foi político, ou para um representante da Pfizer, as respostas são muito mais no sentido de mostrar que o Governo ou não fazia nada para resolver o problema ou tentava intervir no sentido contrário”, explicou Paranhos.
Para o cientista político, a CPI tem mostrado que o governo agia no sentido contrário de combater a pandemia. “O governo só agia quando recebia uma pressão muito forte. As principais ações políticas do Brasil, que forçaram o governo a tomar decisões no sentido de combater a epidemia, foram ações oriundas do Governo São Paulo, do governador Dória. E vez ou outra, você tinha ações do STF, ou até mesmo a fala do atual presidente da Câmara, deputado Arthur Lira”.
Ranulfo também acrescentou que os depoentes -- até o momento -- têm tentado assumir a culpa para salvar o presidente Jair Bolsonaro.
Na avaliação da cientista política Luciana Santana a CPI tem tido uma avaliação positiva. Segundo Luciana, antes dela ser instaurada, havia muitos questionamentos qual seria o propósito dela e se ela não serviria para ser palanque político.

“Ela tem cumprido seu papel como instrumento de fiscalização do Poder Executivo e a gente tem tido a oportunidade de escutar depoimentos importantes que nos ajudam a compreender melhor como nós chegamos até aqui”, comentou.
CPI pode mudar o rumo das eleições?
Os cientistas políticos também comentaram sobre se a CPI pode contribuir para as eleições de 2022.
Segundo Luciana Santana, a CPI sozinha não consegue mudar o rumo da eleição de 2022, mas ela contribui, já “que muito do que tem sido divulgado na CPI pode ser utilizado no pleito eleitoral e vai servir para oposição".
“É um mix de fatores que influenciam. Você tem hoje uma conjuntura política complexa: um presidente que você tem uma popularidade baixa, apesar da porcentagem consistente, tem uma crise econômica séria, e isso pesa na decisão do eleitor. Mas o que mudou o rumo foi a volta do Lula. Isso talvez seja o fator que mais influencia”, justificou Luciana.
Já para Ranulfo Paranhos, a CPI funciona como um palanque político e coloca em evidência alguns personagens. “Veja o quanto ganha Omar Aziz, Randolfe Rodrigues, aparecer na televisão. Esses que estão fazendo posicionamentos mais acertados estão capitalizando para sua imagem”.
O cientista político acredita que quando as eleições começarem, é provável que essas imagens apareçam nos guias eleitorais. “Quanto mais eficiente, quanto mais contundente, vai trazer retorno”.
Ranulfo Paranhos afirmou que ainda não se sabe o quanto de peso que a CPI terá. Mas não se pode negar a influência dela. “De menor ou maior grau dependendo do político. Então alguns parlamentares ganham com isso e talvez consigam usar em 2022”.










