A vida de uma mãe, por si só, já tem seus próprios desafios, mas para uma mãe de uma criança autista, os desafios são maiores, visto que a criança precisa de cuidados constantes. Neste domingo, dia das mães, o Cada Minuto traz a história de duas mães de autistas que contaram sobre os julgamentos da sociedade, as dores e alegrias da maternidade.

A atendente Iolanda Codá, de 23 anos, tem um filho chamado Murilo, de 3 anos. O pequeno Murilo nasceu com má formação nos dois rins e por isso já passou por quatro cirurgias. “Ele passou muito tempo internado em hospitais. Isso atrasou o diagnóstico”.

Segundo Iolanda, ela tinha a esperança de que quando ele ficasse bem, ele iria falar. “Mas ele foi crescendo e quando fez dois anos, procuramos um pediatra e uma neurologista. Foi aí que elas desconfiaram do autismo”, contou.

Para Iolanda, ser mãe de uma criança autista é cansativo, trabalhoso, porém recompensador. “Eles são donos do amor mais verdadeiro. O Murilo tem um sorriso contagiante. Ele é verdadeiro e carinhoso”.

Para ela, a maior dificuldade é a comunicação. “Todos os autistas  enfrentam dificuldades em se comunicar e acaba dificultando as relações de amizades, de expressar suas necessidades e até das outras pessoas compreenderem que ele tem essa dificuldade”.

A atendente também contou ao Cada Minuto que Murilo não fala quase nada e que ela e o filho lidam com olhares julgadores. “Mas ele é tão puro que nem liga. Ele é feliz por ter muito amor da família”.

A maior alegria para Iolanda? É quando Murilo consegue resolver algo sozinho. “Como um encaixe, ou quando consegue comer sozinho. As coisas simples são motivos de muita alegria, pois para ele foi uma evolução e conquista. Quando ele recebe os parabéns, fica mega sorridente e isso nos deixa muito alegre também”.

 

Empresária criou app de rotina

A empresária Fabiana Rocha, de 29 anos, é mãe do Samuel Azevedo, de 8 anos. Ela contou ao Cada Minuto que no momento que recebeu o diagnóstico de autismo ficou triste e um pouco apreensiva, mas o amor ao filho a ajudou a ter forças para ajudar no seu desenvolvimento.

“O nosso dia é todo planejado para ele, buscamos integrar a nossa rotina com a dele para estar sempre presente. O autismo me ensinou a ser uma mãe mais dedicada, paciente e que valoriza o mínimo de cada aprendizado do meu filho”, explicou.

Fabiana comentou que Samuel é autista não verbal e o maior desafio é a comunicação. “Como saber o que ele quer ou o que ele está sentindo, assim desenvolvemos métodos de comunicação alternativa sem deixar de incentivar a fala”.

De acordo com ela, a sensibilidade auditiva também é outro desafio. “Estamos buscando evolução, essa sensibilidade dificulta tarefas simples como ir ao shopping e também na escola, ele tem evoluído e superado essa dificuldade e sempre respeitamos o seu limite”.

Apesar dos desafios, Fabiana resolveu focar nos resultados e nas necessidades do filho. Como dica para as mães que receberam o diagnóstico e estão começando essa jornada, Fabiana disse que é importante que não haja comparação entre as crianças.

“É não comparar o meu filho com outras crianças, pois aprendi que cada criança tem o seu tempo e a sua forma de se desenvolver”, disse. Além disso, a empresária acrescentou que as evoluções, por menores que sejam, são comemoradas.

Sobre a pandemia, Fabiana disse que tem sido um período desafiador. “A quebra de rotina de crianças autistas atrapalha em seu desenvolvimento. Ele já estava indo bem na escola e nas terapias e logo no início da pandemia tudo parou e ele ficou muito ansioso e irritado em casa, assim tivemos que pensar em outras atividades e adaptar toda a sua rotina pensando sempre no seu desenvolvimento”.

Foi por causa disso que ela e o esposo abriram mão de alguns compromissos em casa para se dedicarem mais ao filho.

“Hoje aos poucos a escola e as terapias estão voltando, mesmo assim  continuo dedicada em sua rotina de casa. Apesar da pandemia ter atrapalhado muito no início, ela vem nos deixando uma lição que foi perceber a importância de mais momentos juntos e mais dedicação para ensinar ao meu filho tarefas básicas do dia a dia em casa”.

Para ajudar mães de crianças autistas, Fabiana criou um Instagram @olhar_autista, onde ela compartilha dicas e um aplicativo de rotina chamado Minha Rotina Azul.