As lições que Karol Conká pode proporcionar 

25/02/2021 09:45 - Blog da Claudia Petuba
Por redação
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Não sabia quem era a Karol Conká até o BBB21 começar, já tinha "ouvido falar" quando li uma entrevista da Executiva da Avon que anunciou que ela seria garota propaganda, pensei logo "quem é essa!?!". Não me interessei em pesquisar mais. Não acompanhei o BBB nas primeiras semanas. Até que as humilhações sofridas pelo Lucas repercutiram tanto, que passei a acompanhar o programa, o que me fez sentir as dores dele e não gostar dela, do Nego Di e Cia Ltda.. 

Essa novidade de ter gente famosa participando do programa é interessante porque nos permite conhecer mais à fundo a pessoa, temos visto que algumas pessoas que aparentavam ser serenas são na verdade bem desequilibradas; pessoa que pensávamos ser simples, ser arrogante; pessoa que achávamos fútil, ter muito conteúdo positivo. 

Muitos artistas são personagens, alguns confessos, outros mascarados - fingindo ser algo que não são. Ao entrar no BBB o famoso usa a lógica de dizer se mostrar no programa como ele é de fato. Ao sair Karol fala o contrário: que dentro do programa ela foi uma personagem e não conseguiu se mostrar como ela realmente é. Suas primeiras falas são de uma serenidade e equilíbrio espantosamente admiráveis, bem diferente da postura maléfica e trasnloucada que assistimos nos últimos dias. 

Entre o momento que ela saiu da casa e começar a conversa ao vivo com o Tiago Leifert, o programa demorou pra voltar mais que o normal, era propaganda que não acabava mais, pensei que eles poderiam estar com dificuldades para controlá-la porque ela poderia estar chorando ou surtando. Mas ao ver sua postura, reconhecimento de erros, expor-se como falha e que precisa de tratamento psicológico, tudo isso sem derramar uma lágrima, pensei: ou alguém que ela confia muito falou nesse rápido espaço de tempo que ela deveria sustentar que tudo que o Brasil vinha vendo seria uma personagem e não a Karol real ou ela é muito inteligente e sagaz. 

Afinal, qual é a Karol real? É possível viver uma personagem 24 horas por dia, sendo filmada e observada por milhões de pessoas, sob diversas perspectivas? A ideia desse texto não é contribuir para o seu cancelamento, já tem muita gente focada em denegri-la, muito pelo contrário, mas falar da coragem e inteligência da Karol em rapidamente assumir que teve comportamentos e falas ruins (para o senso comum da sociedade) e tratar isso com naturalidade. Isso é muito nobre! Mesmo que seja algo artificial, friamente calculado como estratégia para tentar reconstruir sua imagem. Sinceramente, não vejo o que isso pode afetar as mensagens que podemos tirar disso tudo. 

As pessoas possuem uma essência, mas ninguém é 100% bom ou 100% ruim; ninguém tem apenas uma versão de si, as circunstâncias moldam cada versão, sobre isso me vem trechos de Clarice Lispector na cabeça como "não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão. Tranquilidade e inconstância, pedra e coração", "sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre". 

Ninguém gosta ou se sente confortável em mostrar seu lado frágil (que todos possuímos), é preciso ser muito forte, ter segurança de si, para se permitir mergulhar nas fragilidades e falhas sem temer o desequilíbrio; explorar o universo das feridas mal curadas, sem se perder no caminho de volta. Lidar com essas constatações de forma introspectiva já não é tarefa fácil, lidar com tudo isso sob os olhares e julgamentos de milhões de pessoas, de cabeça erguida, com serenidade... é sinal de muita sabedoria e grandeza. 

Esse seu lado forte, sereno e otimista, contraditoriamente, é admirável! E o que é a vida sem contradições? E qual o problema de gostar só de uma parte de alguém? Muito chata a vida em que tudo é preto ou branco, certo ou errado... dicotomias fracas, já dizia o bestseller que entre o preto e o branco existem "50 tons de cinza". Por isso que a cultura do cancelamento é uma ***** deixar de curtir, ou admirar alguém por causa de uma frase ou um comportamento meio a outros aspectos positivos é muita intolerância. Todo mundo erra, erros mais ou menos graves, cada um tem total liberdade para formar sua opinião sobre o ocorrido, mas não é direito de ninguém jogar pedras em outra pessoa por seus erros.

Antes de começar a escrever este texto fui escutar, pela primeira vez, as músicas da Karol, gostei! Enquanto geral tá cancelando, vou começar a acompanhar mais o trabalho dela.

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