“Impacto será sentido ao longo dos anos”, diz Biota após um ano do óleo nas praias

31/08/2020 06:29 - Especiais
Por Gilca Cinara e Rebecca Moura*
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No dia 30 de agosto de 2019, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) identificou os primeiros vestígios de petróleo cru em Conde e Pitimbu, na Paraíba. Um ano após a chegada das manchas de óleo nas praias do Nordeste e parte do Sul do país, um dos maiores desastres ambiental do país, ainda vem deixando seus vestígios nas praias. 

Em Alagoas, a substância foi vista em praias do Litoral Norte ao Litoral Sul, sendo em consistência diferente e maior concentrada. Para o coordenador do Instituto Biota, Bruno Stéfanis, os impactos ambientais causados pelo óleo ainda serão sentidos ao longo dos anos. 

Na época, cada município atingido formou uma força tarefa para fazer a remoção do óleo da costa e evitar o impacto ambiental naquele momento fosse reduzido. Mas não somente o meio ambiente sofreu com o óleo nas praias, como também toda a rede de turismo, que precisou suspender a visita de novos turistas. 

O coordenador do Biota lembra que naquele momento todos sentiram o impacto direto do desastre, com o investimento de milhões tanto pelo governo federal quanto estadual e municipal para fazer a limpeza das praias. 

“Mas podemos dizer os impactos serão sentidos a longo prazo, isso com experiência em outros desastres, como o vazamento do Golfo do México, onde vários efeitos foram percebidos há quase 10 anos. Por isso não temos como avaliar isso agora”, colocou Bruno. 

Sem culpados 

Mesmo com um ano do aparecimento da substância, a Marinha do Brasil, responsável pelas investigações ainda não apontou um responsável pelo vazamento. Na época, o órgão manteve investigações sigilosas e chegou a apontar que foram encontrados petróleo com a mesma “assinatura” de óleo da Venezuela em manchas que se espalharam pela costa nordestina. Mas essa linha de investigação nunca foi provada. 

Segundo Bruno, a ausência de um responsável pelo crime ambiental “demostra a fragilidade do nosso sistema de defesa e investigação que o país tem. Foi algo ático, mas foi algo muito grande, mesmo para um vazamento de óleo, foi algo muito extraordinário e até agora não tem um culpado”.

Ainda em fase de conclusão, a análise de imagens de satélite feita pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) aponta que esse derramamento tem diferentes origens. A primeira seria um derramamento de navio e a segunda o vazamento de poços de petróleo. “Mais recentemente detectamos e mapeamos meses de grande quantidade de óelo provocado pela exploração de petróleo ou possível de origem de poço perfurado no Golfo do Guiné, na região da costa ocidental da África. Isso aponta de onde poderia ter ocorrido essa origem desse vazamento de óleo nas praias do Nordeste do Brasil”, afirma o professor Humberto Barbosa. 

*Com supervisão da Editoria. 

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