O Flamengo e a Globo, um projeto de monopólio

29/11/2019 15:45 - Blog da Claudia Petuba
Por Redação
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O Flamengo faz história, a atual geração está escrevendo seu capítulo como a mais vitoriosa, com números impressionantes, não é à toa que os jogadores repetem como um jargão "fazendo história" nas entrevistas, nas suas redes sociais... pela primeira vez o Flamengo conquista num mesmo ano o título de campeão nos 3 principais níveis de competição de futebol profissional (campeonato estadual, o nacional e o continental) e vai com grandes chances para o mundial de clubes. Esse feito é inédito não apenas para o Flamengo, mas também no futebol brasileiro.

No quesito títulos internacionais, 10 Clubes brasileiros já conquistaram a taça da “Libertadores da América”, principal competição do continente, e 06 Clubes conquistaram o título do “Mundial de Clubes”. Três se destacam por ostentarem o título de tricampeão da Libertadores: Grêmio, Santos e São Paulo. O São Paulo ainda carrega o título de ser o único clube brasileiro a ser tricampeão do Mundial, também carregam o título de campeão mundial Santos e Corinthians, com dois títulos cada, e com um título no mundial temos o Flamengo, Grêmio e Internacional.

A cobertura da Rede Globo também foi algo inédito, mas não é pelo ineditismo das três conquistas seguidas, a Globo não faz cerimonia, não esconde sua preferência pelo Flamengo, alguns dirão que isso ocorre porque teria o Flamengo o maior número de torcedores no Brasil, mas deixo aqui a reflexão: a Globo evidencia mais o Flamengo porque ele teria o maior número de torcedores para potencializar seu ibope ou o Flamengo conquistou tantos torcedores em virtude da campanha ostensiva da Globo desde sua criação? Pode ser que seja um debate semelhante ao “o que surgiu primeiro, o ovo ou a galinha?”

A atenção que os veículos de comunicação do grupo Globo dispensam ao Flamengo é infinitamente superior a ofertada à Clubes que possuem uma quantidade maior de títulos, como vimos acima, o São Paulo é tricampeão da Libertadores e tricampeão Mundial, não ganharam metade da atenção quando conquistaram tais feitos inéditos no Brasil.

Não se trata de um texto contra o Flamengo, pelo contrário, como representante do Brasil na final da Libertadores, torci para que voltasse com o título de bicampeão, bem como já estou na torcida otimista para que conquiste o título na edição deste ano do Mundial de Clubes. Já me classifiquei como torcedora do Flamengo, não é fácil para uma criança resistir ao bombardeio da Globo quando dentro de casa não há uma referência de tradição familiar ou influência de clube para torcer (meus pais integram o time dos que só torcem para seleção brasileira). Conforme a fase adulta foi chegando percebi que mais que gostar do Flamengo, gostava de futebol e que uma forma de contribuir com o futebol seria estimular sua diversidade.

Torcer por um clube é mais que mandar boas energias ao assistir os jogos no estádio ou pela tv, torcer estimular sua diretoria a investir no aprimoramento de programas de sócio-torcedor, criar linhas de produtos personalizados, estimular o mercado informal a reproduzir e vender seus produtos, estimular os veículos de comunicação a produzirem mais conteúdo sobre o clube, pois gerará ibope (ou cliques, na era virtual) que ajudará a atrair mais publicidade comercial...

A partir dessa reflexão conclui que mais que gostar de um clube ou modalidade, o apreço pelas origens, sentimento de pertencimento e desenvolvimento local, passam por decisões como a definição do clube esportivo para torcer. Quando um time alagoano está jogando contra times de outros estados, minha torcida será sempre pelos alagoanos; quando a disputa for de um time do Nordeste contra o de outra região, minha vibração irá para os nordestinos, bem como para os representantes do Brasil nas disputas internacionais.

    
Que os Clubes brasileiros, especialmente os nordestinos, tenham a mesma justa atenção dos veículos de comunicação, principalmente do Grupo Globo pelo monopólio que exerce no país, com as conquistas de seus títulos nacionais e internacionais. Que tenhamos um ambiente fértil para que a saudável disputada que deve existir no futebol floresça e evite que o monopólio que existe na comunicação se estenda para o futebol e o tédio reine. Que saiamos da hegemonia dos clubes do eixo Rio de Janeiro-São Paulo e as diversas regiões brasileiras sejam estimuladas, especialmente o Nordeste.

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