Prorrogar, não! Vamos cortar dois anos de mandato dos eleitos em 2020! Topa?

07/05/2019 14:59 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Leio aqui no CADAMINUTO que um grupo de políticos alagoanos se engajou no projeto que prorroga os mandatos de prefeitos e vereadores até 2022. A ideia já se transformou numa Proposta de Emenda à Constituição, de autoria do deputado federal pelo Paraná Rogério Peninha. Se isso virar realidade, as eleições municipais do ano que vem seriam canceladas – e os atuais titulares dos cargos ficariam seis anos no exercício dos mandatos. E por que diabos esses senhores entraram nessa?

Segundo a versão difundida pela turma, é uma iniciativa patriótica em defesa de dias melhores para o povo brasileiro. Olha, que gesto nobre! Quando escuto algo dessa natureza, já sei que estamos diante de uma armação cujo único efeito prático será melhorar a vida dos proponentes. Os caras resolvem “ajudar” o país – e para isso tramam uma medida que turbina seus próprios negócios na política. Seis anos de mandato é uma beleza para figuras que não fazem nada além de politicagem.

A notícia de hoje no CM diz que três entidades estão unindo forças na missão de aprovar a PEC da prorrogação de mandato: Associação dos Municípios Alagoanos, União dos Vereadores de Alagoas e União dos Vereadores do Brasil. Aliás, você aí sabia da existência dessas nulidades? Há algumas semanas, a casuística proposta esteve na ordem do dia em Brasília, quando houve mais uma daquelas irrelevantes “marchas” de prefeitos à capital federal. Perde-se tempo com bobagens.

Eu concordo que eleição a cada dois anos é uma insanidade brasileira. A prorrogação dos mandatos jogaria todas as eleições para a mesma data, a cada quatro anos. Assim, iríamos às urnas para eleger, numa tacada só, de vereador a presidente, passando por governador e pelos membros das Assembleias estaduais e do Congresso Nacional. Seria mais racional, como defende muita gente.

Então faço uma adaptação à proposta dos vereadores e prefeitos: no ano que vem, vamos eleger para as câmaras e prefeituras titulares que ficarão apenas dois anos no mandato. E em 2022, fazemos eleições gerais para todos os cargos. Ao invés de prorrogar a temporada dos atuais eleitos, que se corte a metade dos mandatos. Se é para o bem do Brasil, por que não essa alternativa?

A política não pode inventar novidades sob encomenda para beneficiar demagogos a granel. Pelo que tenho lido, não existe a menor chance de avanço da tal PEC do Peninha. É algo inteiramente fora das demandas urgentes no jogo jogado em Brasília. Mas, como vivemos uma quadra degenerada na vida pública nacional, não se pode descartar que presepadas acabem por prosperar.

Para fechar, lembro de um detalhe paradoxal: os competentes gestores vivem a denunciar a iminente falência dos cofres oficiais. Reclamam o tempo todo de falta de verbas e cobram o aumento de repasses por parte da União. Mesmo assim, querem ficar nada menos que seis anos administrando o caos. Como explicar isso? Vai ver é o sentimento de desapego, além do patriotismo!

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