Viadutos e engenharia urbana em Maceió

11/03/2019 02:31 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Um dia desses, peguei uma carona com o camarada Coelho rumo ao litoral norte. Ainda não havia passado pela grande obra do governo estadual, que ergueu um viaduto – na verdade parece mais uma acanhada ponte – numa das saídas de Maceió. O elevado fica em Jacarecica e foi apresentado como o início da duplicação daquela rodovia. Essa primeira parte da construção, segundo as autoridades, já serviria para “desafogar” o trânsito por ali. O resultado é exatamente o contrário.

Se você vai pegar a estrada naquela direção, ao chegar no tal viaduto, tanto faz se sua opção for seguir por baixo ou por cima da “ponte”. E tanto faz porque, de um jeito ou de outro, você será vítima de inescapável engarrafamento. O problema é que, passado o novo trajeto, as duas pistas, a de baixo e a de cima, vão se encontrar a poucos metros. O desfecho do afunilamento é a lentidão dos carros.

Como a duplicação parece estar ainda no campo das realizações virtuais, as duas pistas voltam a ser apenas uma, assim que o viaduto acaba. Quando passei por lá, vi que a coisa toda é uma imensa presepada, com um agravante que beira a engenharia da estupidez: o risco de acidente é gigantesco. O motorista deve redobrar a atenção pra sair ileso da armadilha que é o traçado das pistas.

E olhe que atravessei o pedaço semanas antes do Carnaval. Para os foliões que foram dar pinotes nas praias de Garça Torta, Riacho Doce, Paripueira e outros recantos desse paraíso tropical, a travessia foi um desespero. Segundo relatos de multidões, o viaduto enlouqueceu o tráfego de veículos – que, nessas ocasiões festivas, sempre foi uma desgraça na região. Pois agora está tudo mais amalucado.

Maceió não tem muita sorte com obras e ideias para melhorar o trânsito. Basta ver que recentemente a prefeitura transformou em mão única a rua Alcebíades Valente, no Farol. Claro que a explicação oficial era que o fluxo de carros ficaria uma beleza com essa inovação. Motoristas quase enfartaram de tanta raiva com a porra-louquice. Em duas semanas, a via voltou a ser mão dupla.

Agora vejam o que o mandachuva da SMTT, Antônio Moura, disse sobre o disparate na Alcebíades Valente: “Após analisarmos o resultado dessa fase de adaptação, chegamos à conclusão de que a melhor opção para os condutores seria desfazer as mudanças e tornar a rua mão dupla novamente”. A comicidade involuntária parece uma fala escrita por algum roteirista de Cacá Diegues.

Nos pequenos viadutos erguidos nos tempos de Cícero Almeida na prefeitura da capital, a comédia também é marca registrada. A três por quatro, veículos ficam entalados nessas construções – e o motivo é único e exclusivo: foram mal projetadas. O danado é que, não importam as falhas grosseiras, as construtoras levam fortunas para financiar seus pedreiros. Não tem Lava Jato que dê jeito.  

Com esse histórico alagoense de planejamento urbano, estou ansioso para ver o novo viaduto que foi prometido há uns vinte anos, lá perto da Ufal, no encontro da Durval de Góes com a Via Expressa. Perdi até a data em que a obra começou. Assim como a estrovenga do litoral norte, aqui também a empreitada é do governo estadual. Veremos o que os engenheiros tramam para nos surpreender.

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