O padrão Família Bolsonaro no governo

10/11/2018 15:18 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O presidente eleito Jair Bolsonaro pretende ter a palavra final nas questões do Enem, o provão para entrar na universidade. Ele e sua família não gostaram da linguagem e dos temas do exame deste ano. A encrenca, é claro, está na agenda que podemos chamar de cultura de gênero. O assunto rendeu um vídeo do capitão, ao lado de filhotes, o que confirma uma fixação da família brasileira.

Quando janeiro de 2019 chegar, se der a lógica, será um conflito por semana entre o governo e todo tipo de movimento organizado e militante. Bolsonaro não tem remendo que dê jeito. Nessas questões de comportamento e costumes, a cabeça do futuro inquilino do Alvorada e do Planalto combina de modo trágico a ignorância e a discriminação. Pai e filhos ofendem o outro com orgulho.

Faltou pouco para o Brasil declarar guerra ao mundo árabe. Do lado de cá, esse troço do Mercosul tem mesmo alguma relevância? Como ninguém está de brincadeira, também miramos na China. Vamos mudar a sede de nossa embaixada em Israel, o que terá efeitos muito saudáveis. Vamos sair do Acordo de Paris, deixando para trás uma visão xiita sobre clima e meio ambiente.

Voluntarismo e desconhecimento amplo e irremediável sobre quase tudo. Taí um resumo do pensamento de Jair Bolsonaro. E é com esse quadro geral no comando que o Brasil se mete em veredas explosivas no século XXI, agindo segundo rasteiras premissas de ordem ideológica. Como mais ou menos já escrevi, o bolsonarismo tem como utopia a eliminação da distopia comunista!

Vê-se claramente que o novo governo está empenhado na missão de metralhar em todas as direções. Anuncia bobagens provincianas com a mesma boçalidade que provoca estragos na relação com parceiros comerciais e aliados no cenário internacional. Internamente, juntou e desajuntou os Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente já umas dez vezes. E essas patacoadas têm método.

As expectativas no campo da economia estão tomadas de apreensão. Nunca se sabe o que pode sair do encontro entre Bolsonaro e Paulo Guedes, o guru de todos os especuladores e radicais do mercado. Ninguém pode garantir o que vem por aí quanto a privatizações. O destino de Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica é tão incerto quanto os rumos da nova escola sem partido.

O governo ainda vai começar. Não lembro se houve tanta confusão nas transições desde a eleição de Fernando Collor em 1989. Claro que nunca tivemos um personagem como o eleito presidente de agora, cem por cento despreparado frente ao desafio. A coisa vai indo sem novidade, dentro do previsível padrão Família Bolsonaro. E nem falamos, neste texto, do autoritarismo de toda essa corja.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..