Fechamento de autoescolas em AL prejudicou cerca de 3 mil alunos em 4 anos

23/09/2018 08:08 - Especiais
Por Vanessa Alencar e Gabriela Flores
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O fechamento, em agosto deste ano, de uma autoescola localizada em Maceió, interrompeu o sonho de vários alunos de concluir as aulas e exames práticos e teóricos para obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e coincidiu com a campanha lançada nesta semana pelo Sindicato dos Centros de Formação de Condutores de Alagoas (SindCFC/AL), com o tema “O barato sai caro”.
A ação ocorre durante a Semana Nacional do Trânsito, que prossegue até o dia 25 deste mês, e visa orientar a população sobre os critérios na escolha de um Centro de Formação de Condutores (CFC).
Nos últimos quatro anos, dez autoescolas fecharam as portas em Alagoas e, considerando que cada uma tinha em média 300 alunos, mais de três mil futuros condutores foram prejudicados somente no período, informou o presidente do SindCFC, João Batista Neto, em entrevista ao CadaMinuto.
Barato?
O sindicalista enumerou alguns pontos a serem observados pelos futuros condutores na hora de escolher uma autoescola, frisando que é preciso estar atento à correlação de preços cobrados pelo serviço - que não deve ser muito abaixo do valor médio do mercado.

“Se, em 2015, uma portaria do Departamento Estadual de Trânsito de Alagoas estabeleceu o custo de R$ 1.260 para a aquisição da primeira habilitação, em uma categoria, como hoje, três anos depois, tem autoescola cobrando muitas vezes a metade do preço? Esse é o grande indicativo para o cliente escolher, ver o que está sendo feito com responsabilidade”, destacou.
Ele lembrou que um estudo realizado também em 2015 pelo Sindicato, em parceria com o Sebrae Alagoas, calculou que o preço da primeira habilitação, em uma única categoria, gira em média entre R$ 1.228 e R$ 1.860, e voltou a frisar que muitas pessoas já foram prejudicadas com o fechamento de autoescolas que, por cobrarem muito abaixo do valor, não tinham como sustentar os custos do serviço.
João Batista orientou que os futuros condutores observem ainda outros pontos, como a capacitação dos profissionais que ensinam, a estrutura física dos veículos e da empresa e a indicação de pessoas que concluíram o processo de habilitação no local.
Funcionamento
Para funcionar, as autoescolas precisam ser credenciadas junto ao Detran, por isso o sindicato alerta também que os interessados pesquisem sobre a empresa junto a Ouvidoria do Detran, para saber se há reclamações, busquem informações  nos Procons, nas redes sociais e no próprio sindicato, que reúne 70 dos 110 centros em funcionamento no Estado.
 “Os usuários podem e devem ligar, denunciar. Temos toda intenção de procurar ajudar usuários nessa situação, ocasionada por muitos que não tratam o processo com a devida responsabilidade”, afirmou o presidente,  lembrando que, em caso de fechamento, o prejuízo financeiro recai sobre o consumidor, que terá que contratar o serviço em outra autoescola, efetuando um novo pagamento.
A única coisa que o aluno aproveita, nesses casos, é a carga horária já cumprida, registrada no sistema de frequência.
Inicialmente, a campanha “O barato sai caro” será divulgada apenas por meio de entrevistas à imprensa e em panfletagens realizadas nos próprios CFCs.
 “Antes de contratar o serviço é importante saber a logística do processo de formação, desde abertura do processo, a avaliação médica e psicológica, além das aulas no simulador, as aulas teóricas e práticas, finalizando com os exames no Detran. Lembrando que o candidato tem o prazo de 12 meses para finalizar todo o processo”, concluiu.
 Sonho adiado
 “O sonho de tirar a carteira de motorista teve que ser adiado por tempo indeterminado”, lamentou a estudante de Administração Maria Antônia Silva (o nome foi modificado a pedido da entrevistada), de 19 anos, que foi surpreendida ao saber que a autoescola onde estava matriculada tinha fechado.
“Depois de ter juntado o dinheiro para pagar o curso à vista, finalmente me matriculei, porém tive apenas duas aulas teóricas até ser surpreendida com o fechamento e agora não tenho condições de bancar os custos de um novo processo. Isso é muito triste e desestimulante”, disse a aluna.
Maria comentou ainda que registrou a reclamação no Procon do Estado, mas infelizmente não sabe quanto tempo o caso vai levar para ser resolvido e se será solucionado.  “Só me resta esperar para que as coisas se resolvam da melhor forma possível, que eu consiga recuperar o dinheiro que investi e finalmente tirar minha CNH”, concluiu.
Contatos do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores de Alagoas (SindCFC/AL): (82) 3028-3882, www.sindcfcalagoas.com.br e @sindcfc_alagoas (redes sociais).
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