Nova pesquisa CNT/MDA, divulgada nesta segunda-feira, projeta um segundo turno entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. Traduzido em números, é a primeira vez que tal cenário é captado num levantamento sobre a intenção de voto do eleitorado. Bolsonaro lidera com 28,2%; o petista Haddad vem em seguida com 17,6%; Ciro Gomes tem 10,8%; Geraldo Alckmin aparece com 6,1%, e Marina Silva fecha o grupo dos cinco primeiros com 4,1%. O desfecho pode ficar com esse desenho.

O quadro revelado por CNT/MDA vinha sendo cantado desde a semana passada. Haddad foi confirmado como candidato pra valer na terça-feira 11. Nos dias seguintes, Ibope e Datafolha publicaram pesquisas que já indicavam a tendência de o petista avançar na preferência do eleitor. Os dados de hoje, portanto, reforçam tal impressão. A continuar por aí, vamos a uma final com o novo nome da direita, Bolsonaro, contra o novo poste da esquerda, Haddad. Sem querer bancar profecias.

Como já escrevi por aqui, a situação ficou mais difícil para Ciro Gomes, porque ele briga, em tese, pelo mesmo eleitor de Haddad. A hipótese de um segundo turno entre o petista e o pedetista só existe no campo da abstração científica. No caso de Alckmin, precisaria tirar votos de Bolsonaro, que teria atraído tucanos desiludidos. Até agora, no entanto, essa estratégia não deu resultados. E a facada no candidato do PSL criou problema para o discurso agressivo do tucano sobre uma vítima.

Leio na imprensa que a candidatura Haddad já procura partidos adversários para conversar sobre a eleição do segundo turno. As negociações para ampliar o palanque contra Bolsonaro começaram antes do resultado das urnas neste primeiro turno. Como a soberba não é recomendável em nenhum jogo, também na política deve-se adotar a precaução – para não atropelar os fatos e estragar tudo. Mas é da alma do negócio especular e apostar o tempo todo. Ainda mais baseado em pesquisas.

Bolsonaro continua no hospital. Gravou um vídeo. Na mensagem, ele chora, ataca o PT e aponta uma conspiração contra sua vitória nas urnas. Pelo que entendi, o presidenciável acredita que as eleições serão fraudadas, porque poderosos não querem o capitão no poder. Enquanto isso, a campanha vai num tipo de cápsula, na rotina de um quarto. Fora das ruas, o tiroteio é todo nas redes sociais.

Alagoas. O delegado Pinto de Luna, que foi superintendente da Polícia Federal no estado, é o novo candidato a governador, em substituição ao senador Fernando Collor. É muita onda. Luna construiu uma imagem de seriedade como servidor público e, depois, na militância política. Quando falo em muita onda estou pensando nas surpresas e reviravoltas que podem arrastar uma candidatura.

De volta ao Brasil. Se não houver uma reviravolta, em três semanas, as urnas podem eleger, em 7 de outubro, Bolsonaro e Haddad para uma final que era, até um dia desses, bastante improvável. Mas dizem também que, em três semanas, tudo pode acontecer, e tudo pode mudar profundamente. Não é o que sinalizam os números, vistos em todas as variáveis e cruzamentos feitos por pesquisadores.

(Há quem ainda acredite num segundo turno entre Haddad e Alckmin. Mas tal hipótese, além de enfurecer o eleitor de Bolsonaro, seria conversa para mais um post. Voltarei em seguida, mas não necessariamente com a referida ideia como pauta. Tem uma loucura, um assunto, a cada travessa).