O candidato a presidente pelo PT, Fernando Haddad, foi entrevistado na bancada do Jornal Nacional, da Rede Globo, na noite desta sexta-feira. Há duas semanas, a emissora já havia entrevistado Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Marina Silva e Geraldo Alckmin. Como Lula ainda era o candidato oficial do PT (mesmo preso), e Haddad estava registrado como vice, a Globo não entrevistou o nome petista.
Com Haddad finalmente na condição de presidenciável, o JN tinha de entrevistá-lo, para deixar as coisas em pé de igualdade. Dito isto, foi uma conversa tensa, do mesmo jeito que ocorreu com os demais candidatos ouvidos antes. Os apresentadores têm a clara missão de pressionar os postulantes ao máximo, provocando, mais de uma vez, quase um bate-boca. Nada de inédito nisso.
Como era mais que previsível, Renata Vasconcelos e Willian Bonner foram pra cima praticamente com uma pauta única: corrupção. Logo na primeira pergunta, o JN apresentou os governos petistas, de Lula e Dilma, como responsáveis pelos maiores casos de desvio de dinheiro público na história do país. É uma versão propagada desde o mensalão, cuja descoberta se deu ainda lá em 2005.
Apesar da insistência das perguntas, e do tom acusatório, Haddad pareceu preparado para encarar as estocadas. Apontou erros em algumas questões apresentadas pela dupla de âncoras e ainda fustigou a própria Globo, lembrando que a emissora é investigada pela Receita Federal. Ao citar esse dado, disse que uma investigação não significa a culpa automática do investigado.
Bonner citou a ação do Ministério Público contra o candidato por suposto recebimento de propina quando era prefeito de São Paulo. Haddad então lembrou que o Conselho Nacional do MP abriu investigação sobre a iniciativa dos procuradores, por uma razão elementar: um caso de 2013 tem denúncia justamente agora, a três semanas da votação! Já escrevi aqui sobre essa safadeza.
Fosse chutar uma opinião sobre o desempenho do candidato na bancada do JN, diria que ele se saiu bem. Foi um bom teste para expor o nome daquele que os adversários querem classificar como “poste”, mas que, na real, entrou na guerra pra valer. Basta olhar as pesquisas e constatar que o petista tem amplas chances de chegar ao segundo turno, o que deixa a corrida mais acirrada.
Por falar em pesquisa, o Datafolha divulgou novos números na noite desta sexta-feira. O cenário apresentado confirma a força competitiva do candidato do PT – o que deve provocar um tiroteio na campanha entre ele e Ciro Gomes. Os dois, em tese, disputam o mesmo eleitor, que vai do centro para a esquerda. Bolsonaro continua na liderança. Mas este é assunto para um próximo texto.