Quem esperava algum tumulto nesta reta final do julgamento de Bolsonaro saiu decepcionado. Correu tudo nos conformes durante os trabalhos ao longo de todo o dia. O ex-presidente e mais sete acusados pela trama golpista estão na fila à espera da sentença que deve sair até o próximo dia 12. Eles são acusados de formarem o chamado núcleo crucial da organização criminosa. A condenação está logo ali.
Como a tendência é de que os criminosos devem ser punidos pelo Supremo, a banda podre da política insiste na aprovação de uma anistia geral para Jair e seus comparsas. Além dos celerados no Congresso, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, encabeça o projeto para salvar os bandidos. É um acinte que afronta a Constituição.
Não resta dúvida sobre quais alagoanos estão ansiosos para assinar embaixo da patifaria. Em Brasília, os articuladores do Projeto de Lei em socorro da quadrilha do golpe contam com Alfredo Gaspar e Fábio Costa. Natural. Não é segredo que a dupla abraça todas as teses da extrema direita e do bolsonarismo – e segue todas as ordens do “mito”.
Primeiro essa horda fingia preocupação com os “malucos” do 8 de janeiro. (Foi assim que Bolsonaro se referiu a seus apoiadores que invadiram e depredaram a praça dos Três Poderes). Com o passar das estações, não há mais disfarce: nunca foi em defesa das “velhinhas de Bíblia nas mãos”. O objetivo sempre foi livrar Bolsonaro.
Mais evidente do que a intenção de anistia para golpistas é a certeza de que, caso avance no Congresso, a delinquência será barrada no STF. Porque, como disse, fere a Constituição. O caso Daniel Silvera é precedente inapelável. Além disso, o Supremo também já decidiu que não cabe anistia para crimes contra a ordem democrática.
Numa demonstração de ousadia indecente, líderes partidários discutiram o assunto enquanto transcorria o julgamento na Primeira Turma do Supremo. Por enquanto o debate esquenta na Câmara, a casa cujo presidente se mostra cada vez mais fraco. Hugo Motta parece ter sido engolido por Arthur Lira, o antecessor que segue em alta.
Aliás, esqueci de Arthur Lira ao citar os alagoanos que defendem anistia aos golpistas. Mas é claro que nessa investida ele está ao lado dos colegas Gaspar e Costa. Agora veja o tamanho da irresponsabilidade com essa ação espúria: aprovar anistia é contratar nova crise entre os poderes. A agressão ao STF mostra que parlamentares apostam no caos.
Como o país precisa mesmo de pacificação, vamos torcer para que a ala mais suja do parlamento brasileiro seja barrada – pelo bom senso ou pela força da lei. Anistia para quadrilheiros golpistas não é caminho para a paz. É atalho para a safadeza.